Morrer deve custar, mas acho que nada supera o pensar na morte.
Penso nisso especialmente quando vejo pessoas de quem gosto a irem-se lentamente embora. É como se de repente em vez de um abraço estivesse à minha espera um aceno, como quem diz “agente vê-se!”, e em vez de uma recepção calorosa um simples sorriso de alguém que “ja andou tanto que já não tem mais para andar”. É só nestas alturas, quando o caminho já está percorrido, e o destino cuidadosamente traçado, que nos lembramos de olhar para trás e pensar “Ei! Ainda não”. Mas mais triste ainda que isto, é o facto de nem nesta altura sermos capazes de dizer aquilo que pensamos.
Só depois de tantos anos em que nos habituamos a deixar que as pessoas fizessem parte da nossa vida sem que nos dessemos realmente a conhecer, nem querendo realmente saber o que a outra pessoa tinha a dar, quando sentimos que secalhar já nem vai haver tempo para isso é que vem um arrependimento, uma espécie de mágoa transformada em remorso que o tempo só pode piorar...
Agora, quando sinto que já não há nada a fazer, quando acho que já nada daquilo que eu possa dizer vai chegar ao outro lado, é só agora que sinto uma necessidade extrema de gritar: “Não vás já, ainda tens caminho para percorrer – ainda não me conheceste, ainda não te deste a conhecer, ainda falto eu!”. Mas e a força de vontade? Mas e o tempo? Mas e a coragem?... Há sempre aquele “cafézinho”, aquela ida à discoteca, aquela despedida do amigo que não se pode ir embora sem nos ver, aquela aula de condução, aquele exame que precisa de preparação, aquela falta de tempo...
E agora, quando acho que já de nada serve pedir-lhe que se agarre a vida, só queria conseguir chegar ao pé dele, abraça-lo (sim, porque até para um abraço sentido é preciso coragem), e dizer-lhe: “Gosto tão mais de ti do que de cadbury’s crunchie!”
2 comments:
Querida amiga,
Uma amiga que nunca sai do seu posto, seja la pelo que for, tem muito merito. Mas uma amiga que nunca sai do seu posto e alem disso publica um blog...ui, nem da para explicar...
Acho que esta mesmo espetacular, adorei os posts, e espero quando o dia (daqui a muitos seculos chegar)me des o tal abraco, porque mais do que tudo eu sei como do gostas do cadbury crunchie!
Querida Amante de Cadbury's Crunchie,
Estou solidario. Sim, eu, estou tremendamente solidario com a tua causa. Existem três razões muitissimo simples, mas fortes, por tamanha solidariadade. Primeira razão é pelos simples facto de saber quão bom é esse chocolate. Segundo é por teres engendrado um titulo mui nobre e original quanto esse. Finalmente, e por saber o que estas a passar, pois eu também encontro-me neste país medonho.
Aquele Abraço,
Zeca
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