Monday, July 27, 2009

makoka pinta paredes de verde

“ – Já alguma vez pintaste uma parede?”

“- Já, claro!”

Então é pergunta que se faça a alguém que vai começar a pintar uma parede? Não gosto que duvidem da minha capacidade (se bem que reduzida) de pintar paredes. A experiência não pode contar assim para tanto, e o que custa é começar!

Mas está verde a minha parede. Muito verde aliás, tão verde que eu, que já quero uma parede verde há dois anos me assustei quando vi a parede verde. Está bem para mim que gosto de paredes verdes. E para todos os que duvidaram que eu alguma vez fosse capaz de viver com uma parede verde: ela está lá e é verde.

Gosto da minha parede verde. Fica bem assim, verde.

Friday, July 24, 2009

Aos Vinte e Dois Anos

Começa assim a minha conversa com o puto reguila:

“ – Que idade tens?”
“ – 22”

Vinte e dois anos. Vinte e dois anos que para mim não são nada mas que para o puto reguila são uma eternidade. Vinte e dois anos que me valem um olhar de desprezo de um ser de palmo e meio que me acha velha. Vinte e dois anos que de repente já fazem uma barreira entre o “nós” e “eles”. Vinte e dois anos e “eles” já olham para mim como se eu tivesse idade não de estar a dar mergulhos no mar, mas de estar debaixo do guarda-sol a empanturrar o meu (inexistente) puto reguila de bolas de Berlim e batatas fritas.

Mas não penso mais nisso nem no puto reguila. Estou contente com o meu ar de criança, o meu medo da responsabilidade, a minha pretensa rebeldia, os meus sonhos megalómanos, os descontos para jovens, a minha falta de capacidade de gestão financeira, e os meus vinte e dois anos.

Até hoje.

“- Sim, porque já tens vinte e dois anos, já tens idade para decidir tudo, e fazer tudo, e (…) sim, porque tens vinte e dois anos”

Vinte e dois anos. Vinte e dois anos que levam um adulto a dizer-me que já sou crescida. Vinte e dois anos que me obrigam a ter direito a ter tantas responsabilidades e coisas complicadas. Vinte e dois anos e estão à espera que eu faça coisas. Vinte e dois anos e de repente um crescido acha que já sou crescida. Vinte e dois anos e de repente já quase que sou gente.

E eu, que mal ultrapassei a conversa do puto reguila, eu que ainda não sei fazer contas nem gerir as minhas finanças, eu que ainda beneficio do estatuto de estudante nos cinemas e comboios da CP, constato que ainda não sei ser grande. É que eu sei ter atitude e ser rebelde, sei fazer o que me apetece sem dar justificações, sei conseguir o que quero mesmo que os outros não queriam o mesmo, sei ser eu...mas ouvi dizer que ser crescida é outra coisa.

E agora? O que faço agora que ouvi dizer que tenho Vinte e Dois Anos?

"With many years ahead to fall in line
Why would you wish that on me?
I never want to act my age
What's my age again?
What's my age again?"

Armstrong e a Eurosport Portuguesa

Desta vez foram os locutores da Eurosport os destinatários da minha mensagem rebelde! Mas, e para que não haja confusões, mereceram... Aquilo não é maneira de relatar a Volta a França em bicicleta.

"Livestrong é só uma fachada para esconder esquemas pouco claros, o Armstrong para além de velho é insuportável e vive para atazanar o Contador, o Contador esforça-se por ganhar a corrida e é o maior. Entretanto, e se quisermos saber mais, bom bom é irmos ler o diário do Português que dorme com o camisola amarela.

Será que é para isto que vos pagam? Como telespectadora atenta da Eurosport aflige-me, e enerva-me a vossa raiva (ódio mesmo?) ao Armstrong, que é de tal forma evidente que nada mais sabemos da corrida do que as vossas mirabolantes teorias da conspiração. Queremos saber quem vai à frente, quem caiu, em geral o que se está a passar!

Ainda têm tempo, comecem a relatar a volta! Redimam-se e deixem o Armstrong em paz!

Força Culumbía!"

"- Há um ouvinte que julga que nós temos ódio ao Armstrong.
Oh Senhora makoka, foi o Armstrong que nos trouxe para o ciclismo"
...ora, não parece!

Tuesday, July 21, 2009

HHGTTG - Criticado pelo "i"

Já tinha tornado bem clara a minha adoração pelo Hitchhiker's Guide to the Galaxy (HHGTTG), sim, porque mesmo tendo adorado tudo ao contrário (primeiro descobri o filme, e só depois ouvi as cassetes e li o livro), adoro, com muita convicção, o Douglas Adams! Não é por isso de estranhar o meu espanto, e acima de tudo indignação (!) quando vejo no jornal I o HHGTTG atirado para o monte das 5 piores adaptações de sempre.

É que convenhamos que ser uma má adaptação do séc XX já é mau que chegue, mas ser considerado uma das piores (entre uns meros 5 filmes!) adaptações de sempre, é insultuoso. Como tal, sinto-me na obrigação de vir em defesa de Douglas Adams, do Marvin, e de uma adaptação que jamais mereceria ser considerada uma das piores adaptações de sempre.

E isto sou eu a ser rebelde:


Qual não é o meu espanto quando, ao desfolhar o vosso jornal, deparo com uma crítica negativa ao grandioso Douglas Adams, ou, se preferirem, à adaptação que o próprio ajudou a fazer do livro dele "À Boleia Pela Galáxia" (que, por conveniência, vou passar a abreviar por HHGTTG). Na edição fim-de-semana do dia 18/19 de Julho, o filme vem referido na página 45 como sendo uma das 5 piores adaptações (de sempre?).·Se não se tratasse do Douglas Adams e da adaptação da sua famosa "trilogia em quatro partes" (ou cinco, se quiserem muito), eu talvez não me desse ao trabalho de partilhar convosco a minha indignação. Mas, e como foi referido na brevíssima crítica que fizeram ao filme, o HHGTTG foi não só uma brilhante série de rádio da BBC, como também deu origem a minisséries e a cinco fabulosos livros de ficção científica. O Douglas não merecia isto!


É certo que muitos outros Grandes já viram a adaptação dos seus livros criticados, até o meu estimado Hemingway viu o "To have and Have Not" fracassar (sabe-se lá como) junto da crítica, mas não foi com certeza rematado por linha e meia de uma crítica que não faz sequer sentido.
Mas isto faz-me perguntar-vos: o que é uma boa adaptação? É quando os filmes reflectem exactamente o que lemos no livro? É quando gostamos tanto dum como de outro? É o quê exactamente? Que critério usaram vocês para puder rematar o HHGTTG como sendo uma péssima adaptação ao cinema?Para quem teve o prazer de ler a introdução à "Omnibus Edition" do HHGTTG, em que Douglas Adams se dispôs a fazer a introdução, teve o gozo de ler como o próprio autor se espanta quando "os factos no seu livro batem certo", e como isso não passa de mera coincidência visto que ele não planeou nada! As cassetes são diferentes do livro, aliás ele próprio afirma que usou o livro para dar ênfase a partes que não teve oportunidade nas cassetes, e mudar o que lhe apetecesse. Ora, o filme teve a participação dele, é certo que infelizmente Douglas Adams morreu antes de o filme ter sido concretizado, mas ele ajudou a que o guião fosse escrito, e participou nas decisões sobre o rumo que o filme deveria levar. O filme não era necessariamente uma adaptação chapada do livro, se calhar Douglas Adams nem nunca quis que assim o fosse!


No entanto, e deixando-me de especulações, os factos são os seguintes: teria sido impossível adaptar cinco livros rebuscados daquela grandiosidade ao cinema, e nem sequer teria havido qualquer interesse nisso. Quem leu os livros percebe que há inúmeras críticas sociais na forma de "comentários" que nunca seria possível serem postos em forma de diálogo sem tornar o HHGTTG um filme longo e pseudo-intelectual (coisa que o livro nunca pretendeu ser). Sendo assim, o HHGTTG apresenta-se no espírito absurdo e animado que Douglas Adams sempre pretendeu dar às suas obras. É óbvio que a história está abreviada, o final é muito mais romântico, as piadas foram reduzidas a metade, e o Arthur nem teve tempo de experienciar a pré-história, mas vocês, críticos de cinema, deviam saber que em Hollywood as expectativas são diferentes!

E, quem escreveu a célebre frase: "O filme ficou muito aquém. Vale pelos golfinhos sarcásticos e a famosa tirada: "so long and thanks for all the fish", deve ter-se esquecido que a famosa tirada, e com ela os golfinhos, vem de um dos livros da saga. Como tal, ou se referia à canção, e aí acho que todos lhe tiramos o chapéu, ou se esqueceu que estava só a criticar o Douglas Adams e a sua comunidade de fãs.


Com os melhores cumprimentos



"Ai Douglas, Douglas..."

Friday, July 17, 2009

E o que mudou?

E o que mudou para agora estar tudo diferente? Perguntas tu que não queres saber mas queres.

Tudo.

E eu quero o tudo outra vez.