Saturday, December 06, 2008

Fazer serviços

Há pessoas que acham que "estão a ficar velhas" quando fazem trinta anos. Outras quando fazem quarenta. Eu acho que só me vou achar velha quando começar a "fazer serviços".

Jamais quererei eu "fazer serviços". Às vezes paro a pensar que idade será essa, a idade dos serviços.
Lembro-me de algumas conversas entre pessoas crescidas, que acabavam no inevitável - "Estou a fazer um serviço da vista alegre". E durante anos estas pessoas iam comprando uma chávena com o subsidio de natal, e o respectivo pires com o subsídio de férias. E como ficam contentes estas pessoas quando recebem pelo natal uma chavena e um pires para adicionar ao "serviço". Enfim...

E não digo que não bonitos estes serviços. Gosto de olhar para eles durante o natal e os aniversários. São engraçados...

Mas por mais que pense só consigo chegar à mesma conclusão: Abençoada geração IKEA! Pratos para o dia-a-dia, pratos de cerimónia, pratos de semi-cerimónia. E, para aqueles que não sabem, vêm em todas as cores e podem ir ao lava-louça depois das festas! E poupa-nos o trabalho de "construir" serviços, por mais bonitos que sejam!

Deixem-se de pratos, chávenas de chá, chavenas de café, pratos pequeninos, pratos ligeiramente maiores, marcadores...e vão mas é comprar um par de sapatos este natal!

The art of "waffling"

Two weeks ago I decided that I was going to write a dissertation. The module is Philosophy of Law, the question was: what did I want to "dissertate" about?

Only a week after, I needed to submit a 200 word outline of my dissertation. As if it wasn't hard enough to find a topic...and to try and learn philosophy in a year...and to attempt to understand Hart and write a criticism about someone who is criticizing him...

When you know nothing, the art of waffling comes in handy...

In my dissertation I propose to conduct a philosophical investigation to Stephen Guest’s opinion piece “Two strands in Hart’s theory of law: A comment on the Postscript of Hart’s The Concept of Law”.
In the 1994 edition (published posthumously) Hart added a Postcript to his masterpiece “The Concept of Law”, in which he intended to address the criticisms made by Ronald Dworkin in several of his books. In his article, Stephen Guest provides an insight to this postscript. By giving his perspective on what Hart was trying to explain in his Postscript, he puts forward the theory that there are two strands in Hart’s Theory of Law.
In my dissertation, I plan to analyze Stephen Guest’s constructive criticism of Hart’s Postscript to “The Concept of Law”, and provide my informed critique of his article. This will raise questions about the way he presents his arguments, as well as his account of what Hart says in “The Concept of Law”. By means of a philosophical investigation of his arguments, it will hopefully become clear whether or not, in my informed opinion, Stephen Guest was right in his discovery of “two strands in Hart’s theory of law”.


"Marta, now that I know that you are doing an informed critique, that it is not going to be all rubbish, I am more than ever looking forward to reading what you have to say!"

Tuesday, November 25, 2008

Como é bom viver em sociedade!


"No man is an island"

"We need each other"

E qualquer coisa mais sobre vivermos em sociedade...


Mas será que vivemos todos em sociedade? É um bocado difícil de acreditar no conceito quando não há copos na cozinha porque eles se vão acumulando na casa de banho...

Será que vivemos todos em sociedade, ou só alguns? É hilariante abrir a porta do frigorífico e ver a taça da mousse (que não foi feita por ninguém, caiu do céu aos trambolhões para alguém comer!), vazia mas dentro do frigorífico. É que é sempre importante ter consideração pelos outros e deixar a taça caso alguém a queira lamber!


Como é bom viver em sociedade!

P.S : Desculpa Sarah, não volta a aconteçer!
Antes que me venhas dizer alguma coisa, porque vens!,
eu já sei que isto é levar o passsive agressive to a whole new level!
Have I ever told you I love you?

Sunday, November 16, 2008

"when everything feels like the movies, yeah you bleed just to know you're alive"

"And I'd give up forever to touch you
'Cause I know that you feel me somehow
You're the closest to heaven that I'll ever be
And I don't want to go home right now
And all I can taste is this moment
And all I can breathe is your life'
Cause sooner or later it's over
I just don't want to miss you tonight

And I don't want the world to see me
'Cause I don't think that they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am

And you can't fight the tears that ain't coming
Or the moment of truth in your lies
When everything feels like the movies
Yeah you bleed just to know you're alive

And I don't want the world to see me
'Cause I don't think that they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am

And I don't want the world to see me
'Cause I don't think that they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am

I just want you to know who I am
I just want you to know who I am
I just want you to know who I am
I just want you to know who I am"

Monday, October 13, 2008

European Law



Estamos todos sentados na aula, somos uns 15 ao todo, quando chega aquela altura gira de nos apresentarmos a turma, incluindo nessa pequena apresentação a nossa opinião sobre a nova europa dos 27. Eu, que sou toda pró-europa e vamos lá para a frente com o direito europeu, decidi que não haveria grande mal em dizer que apesar de tudo eu acho, na minha modesta opinião, que a evolução da União Europeia se tem dado demasiado rápido, e que secalhar integrar mais 12 países tão rápidamente não foi a mais brilhante das ideias. Então não nos foi pedida a nossa opinião? Pensei que não houvesse grande mal em exprimir a minha opinão!
Ora, passaram-se três anos e eu só hoje é que percebi que nunca se diz tal coisa a um professor de direito europeu! Dizer coisas como "a suíça faz parte da união europeia", ou "eu não faço ideia nenhuma do que é essa coisa confusa que se dá pelo nome de união europeia" passando por "isto de haver uma coisa chamada uniao europeia com muita gente parece-me giro" é tudo justo, são coisas que se dizem! Mas dizer que secalhar as coisas processaram-se um bocado depressa e a união europeia quer conseguir demais em demasiado pouco tempo, nunca!

Ora, a resposta foi "então a união europeia pode aceitar Portugal, mas o resto da Europa já é crime?" Tenho que admitir que a resposta teve pinta! É claro que Portugal não é exemplo para ninguém, e que depois de aceitar Portugal realmente a União Europeia está preparada para qualquer coisa. Mas eu também não fui para lá (ou para lado algum, que barbaridades dessas não se dizem!) dizer que Portugal era uma grande aquisição! E Portugal com todos os seus problemas, mesmo pertencendo a uma união europeia é o que é!Resultado: mesmo depois de eu lhe ter dito que estava com o Churchill nos United States of Europe, e que Portugal era uma desgraça, o olhar de desprezo manteve-se.

Claro que esta história só piorou depois de eu (em resposta a uma pergunta que ela me fez) ter dito que não achava que o Reino Unido fosse aderir ao Euro, e outras barbaridades que tal...

Mental note: para a próxima, diz que não fazes ideia do que é a União Europeia, ou fica calada....responder é capaz de ser um bocadinho demais...!

Oh well...

Monday, September 15, 2008

I want it!

É mesmo um álbum de fotografias do Fernando Pessoa! Eu sei que não posso ter um passaporte novo, mas isto eu quero!

I want it, I want it, I want it!

Tuesday, September 09, 2008

It was one of those things...

"As dorothy parker once said
To her boyfriend, fare thee well
As columbus announced
When he knew he was bounced,

It was swell, isabel, swell
As abelard said to eloise,
Dont forget to drop a line to me, please
As juliet cried, in her romeos ear,
Romeo, why not face the fact, my dear

It was just one of those things
Just one of those crazy flings
One of those bells that now and then rings
Just one of those things

It was just one of those nights
Just one of those fabulous flights
A trip to the moon on gossamer wings
Just one of those things

If wed thought a bit, of the end of it
When we started painting the town
Wed have been aware that our love affair
Was too hot, not to cool down
So good-bye, dear, and amen

Heres hoping we meet now and then
It was great fun
But it was just one of those things
If wed thought a bit, of the end of it

When we started painting the town
Wed have been aware that our love affair
Was too hot, not to cool down
So good-bye, dear, and amen

Heres hoping we meet now and then
It was great fun
But it was just one of those things
Just one of those things"

Wednesday, September 03, 2008

Missing you already




“India was such a strange experience, it almost feels like I never went there”. Delphine told me this two days ago. I have been home for exactly a week today and I couldn’t agree more. It was like I was never there.

Today, looking back at those two months, it all seems like a blur to me. Did it really happen? Did I really go to India, with rats in my toilet, with the horn ok please, with conferences and other events? Did I really do it all?

India is so surreal, so strange, so completely different to my little bubble that it is hard to believe in everything your eyes see and your senses are trying to tell you. And for the two months I was in India, I had the time of my life. Even if sometimes I did not want to go to work, and others I could not stand the noise in the street, I would get to witness something strange every day I was there , and that made this experience unbelievable.

I miss it all! I miss the people, the chaos, that strange reality, our apartment, and sometimes (only sometimes!) even the food... And I even have to admit that going from an international student/celebrity in India to just another law student in England is not easy!

I will probably not get the chance to go to India any time soon. It will probably be a long time until I can manage to get to India again, but I am sure that one day, I will go back. India puts a spell on you, once you go there, you don’t leave.

Monday, September 01, 2008

Pune Prison

This was a weird, but still amazing weekend in Pune! The Human Rights and Law Defenders proved to be hard work, but still...fun work! With the worry that we would not have time to experience “India”, Asim is trying to make us have the best time possible, not only by experiencing different areas of the law (by researching and looking at the work they are doing) but also by going to places and meeting people. “Doing social work is not only about researching, is about learning from the people”!
It is very complicated to get permission for foreigners to visit Indian prisons. Apparently it is an experience which the authorities do not want us to have. Even though this happens, Asim managed to get a visit for some American “students” who were coming to Pune. We, the interns, were more than happy to go with the group and get to know what an Indian Prison is all about. And we did... By 9 o’clock we were all in Asim´s office ready to leave. Of course, it wasn´t until around ten that we actually ended up leaving...Indian chaos, everyone gets used to it!
Once we got to the prison we had a surprise, which we are fairly used to at this point given that India is full of surprises: the American “students” were older than Asim himself! The so-called students were a bunch of teachers who later told us that they had come to India to study the application of Mahatma Ghandi´s principles to different parts of the everyday life. Fair enough...good thing I did not doll up thinking I would meet a hot American student!
The first prison we got to visit was the Men´s prison. It was impeccable. They took us to the “museum” that is now the place where Ghandi was held under arrest, they showed us the kitchen with all the hard working prisoners, they even showed us the library where all prisoners were allowed to go and read! Shocking how well rehearsed that visit had been! They did not allow us into the barracks where the prisoners sleep, given that 150 prisoners and 1 toilet should not be pretty! But, if Indian prisons were just what we saw, all the poor people in India would have wanted to get arrested! The women´s prison wasn´t much different: they showed us their working station, the place where they could all be together after 4, the place where the kids under 6 years old could stay with their mum´s, they hospital...well, everything that would make it seem as a very pleasant place! All the prisoners were seating against the wall just watching us pass...it was ridiculous, but still interesting!
For me, the “best part” of it was when we got to see the kids. Until they are 6 years old, children are allowed to stay with their mum´s, having to move out and live with either relatives or put in foster care once they turn 6 years old. However, there was a girl, very tall, and who instantly stood out because she was definitely not Indian! Because the police guard who took us for the little visit had been very communicative, I decided to ask her who she was. Turns out that she was 8 years old, and Finnish, her mum had been arrested because of some passport fraud and she was there awaiting her mum´s bail! It confused me how happy the children were, all playing and singing, and genuinely pleased to see people! It confused me how the finish girl, who I later found out, had been there for only a month, meddled perfectly amongst all the other Indian kids whose mothers had been convicted of some crime. The majority of the women were in because of “narcotics” we were told.
The visit was quick, especially given that all the men were not allowed to go in the women’s prison. Needless to say that the Finnish woman who was in prison for passport fraud was the main topic! It was still discussing the little girl and her mother that we went to visit the open prison. This open prison is a different concept of prison, a prison where there are no “walls”, or cells if you prefer it. The prisoners are allowed to be “free” within the piece of land that has been awarded to them. They cultivate the land during the day, have a chance to get some books from the library, some work at the kitchen and others have different types of functions all over the “community”. On our talk to the prisoners we learned that all of them were “prisoners for life” for having committed murder. Most of them argued that their crime was in the “spur of the moment” and they are now reformed! They all read Ghandi, and even sit the exam about the “Ghandian” Principles! Apparently Ghandi made them see the world in a whole new, softer, light!
Considering that they are in an open prison, we assumed that they were much happier, but has they said “we are still prisoners, it just looks better from the outside”. Having already been more than 10 years in prison, the open prison is a small change, but apparently not that great! To us, it seemed like a great difference, but once again, we couldn’t even see half of it!
After this little talk with the prisoners, we went to talk to the head of the prison of Pune. You looked at the man and instantly felt the power, even we felt intimidated! Unlike most Indian men we met, he was strong, chubby, and even taller than usual! A true prison officer. And as a true Indian Officer, when one of the American Students asked him something along the lines of “do you have many innocent people who end up in jail for many years”, laughing he answered “innocent? But if they have been found guilty by the supreme court how could they be innocent?” No comments Mr. Police Director!
Even though we were only allowed to see what they wanted us to see, it was interesting to get to know what a prison in India looks like, to get a feel for the place. It was a weird, and in a sense, a “fake” experience from which we gained almost no knowledge about prison life or the prisoners in general, but even though this is the case, it is not every day that you get to see what 1/10 of a prison in India looks like!

First International Conference on Domestic Violence in Pune




Há uma semana, o Asim disse-nos que tinhamos de preparar uma apresentação sobre violência doméstica. Foi totalmente inesperado. Ficamos tão irritados, que só conseguiamos insultar o Asim e as ideias dele! Olhando para trás, é preciso dizer que nem toda a nossa indignação foi exagero, tendo em conta que o Asim acha que por estudarmos em Inglaterra temos de saber tudo, desde o que estudamos até como se plantam batatas! Enfim...
Foi no meio de todos estes lamentos, e reclamações que nos decidimos a começar a pesquisa sobre violência doméstica. Para nosso sincero espanto, não é que até foi interessante? Não é que nós até gostamos de estudar aquela coisa? Passamos uma semana a ler artigos, e à procura de casos sobre violência doméstica para pudermos incluír na nossa apresentação.
Quando chegamos ao “escritório” e tentamos mostrar ao Asim o nosso trabalho, despaxado como sempre, ele disse-nos que não precisava de ler o nosso trabalho, que a única preocupação que nós precisavamos de ter é que o trabalho não fosse muito teórico, já que a nossa audiência ia ter problemas em perceber o nosso inglês, e nós não os queriamos própriamente a dormir! Mais uma vez, ficamos meio encavacados, porque, como já era de esperar, o nosso trabalho era bastante teórico! Tinhamos andado entretidos a perceber a lei, e como é que a declaração europeia sobre os direitos humanos podia influenciar, e a polícia, e isto, e aquilo...e de repente não era nada daquilo que tinhamos de falar!
Lá voltamos nós outra vez à pesquisa para tentar encontrar casos para puder expor na nossa apresentação. É preciso confessar que esta tarefa não se mostrou nada fácil! Mas lá conseguimos um caso ou outro, e rápidamente chegamos a conclusão que podiamos sempre manipular um bocadinho os factos! Quer dizer, afinal de contas estamos na Índia!
Na véspera da tal dita “conferência”, lá fizemos uma apresentação em powerpoint, mas sem grandes preocupações dado que nós estavamos convencidos que iamos ter uma pequena discussão com umas 10 ou 15 pessoas! Mal nós sonhavamos o sucesso que o nosso pequeno, e muito rústico, powerpoint iria ter!
Eram 10:30 da manhã quando entramos no escritório. Toda a gente parecia muito atarefada, e o Asim não tinha muito tempo para nos aturar. Ficamos a conversa com as nossas colegas indianas para ver se o tempo passava. Estavamos nós na amena cavaqueira quando o Asim declara “têm 10 minutos para escrever uma nota rápida para dar a imprensa”. Nota? Imprensa? Quantas!? “Sim, é que eles podem não ‘apanhar’ toda a informação que vocês estão a apresentar”. Havia alguma coisa que começava a não bater muito certo...



Lá fomos pelo trânsito infernal, até que finalmente conseguimos chegar à “Universidade de Direito”, onde fomos logo a correr até à sala (julgava eu) em que iamos informalmente expor as nossas modestas ideias. Não foi até chegarmos à porta da “sala” e sermos recebidos pela directora da Universidade que nos apercebemos da gravidade da situação! “Mas nós não sabemos nada....mas....mas....” Mas nada! Era tarde demais para nervosismos, tivemos de respirar fundo e entrar na sala...
Mal entramos na sala, os alunos (112, sim, eu contei!) começaram todos a bater palmas. Foi no mínimo confuso. E, como se as palmas não bastassem, ainda recebemos flores e uns relógios (muito foleiros) como prenda de agradecimento por lá irmos falar. Foi aí que eu começei a ficar mesmo confusa! Então agora agradecem-me por ir falar com alunos de direito sobre um assunto que eu pesquisei uma semana? Alunos que, ao contrário de mim, já estudam direito à mais de quatro anos?
Porque na Índia as surpresas nunca podem ficar por aqui, antes de eu começar a dar a minha apresentação o Asim disse-me: “ah! Se não te importas dá uma pequena introdução acerca da situação em termos de violência doméstica em Portugal”. Pronto, foi a gota de água! Então eu que mal vivi em Portugal, nunca estudei direito português, tinha de ir falar sobre a situação em Portugal? Já faltou mais para a plantação de batatas...
Fui controlando o meu nervosismo enquanto o Graham, que foi o primeiro a apresentar a parte dele, falava dos procedimentos da polícia. Espantosamente a minha apresentação não correu mal, tive a sorte de o meu anjo da guarda me ter ligado na noite anterior, e de a conversa ter resultado em ela me dar umas estatísticas malucas de violência doméstica em Portugal, que eu utilizei na minha apresentação! Numa mistura de prática e teoria, a apresentação lá correu bem... Aliás, as nossas quatro apresentações correram tão bem que no final até tivemos direito a ser levados a almoçãr num restaurante todo pi-pi, pela directora da Universidade e os seus subordinados!

Por sorte, só no fim deste dia complicado é que olhei para trás e reparei que no cartaz exposto na parede se podia ler: “Key Speakers: Asim Sarode, Martha Almeida, Graham Hargreaves”. “Thank you very much for coming from the UK to talk to us about this”, e, mesmo tendo em conta que as razões que me levaram a vir à Índia estavam longe de uma confêrencia sobre violência domestica, “it was our pleasure, thank you for what turned out to be an amazing experience”.

E foi assim que, pela primeira vez fui uma “guest speaker”, e não foi num evento qualquer (!), eu fui um dos convidados of the first international conference on domestic violence! Cheers!


HRLD

HRLD, this is the name of the NGO me and Graham were placed at. Asim is the head of this NGO, or at least we assume so, since he was the one who first introduced us to the organisation, and who told us what it was expected of us. An inspirational, and charismatic person, Asim first started by telling us that he used to have 6 lawyers working for him, but now only has one along with some other social workers. This statement begs the question: “what happened to the other lawyers?” Apparently they wanted different things: “I believe that the courts are designed for there to be justice, not for lawyers to make money”. According to him, the lawyers who were working with him were quite happy to ask for money from the poor people who were seeking some kind of help in HRLD.

When someone introduces himself in such a strong way, you can’t but have a strong admiration for that person from day one. His phone does not stop ringing during our conversation, and from what we could get (since none of us speaks Marathi), he kept saying he would call them back. This organisation works will various issues within Human Rights Law, giving the impression that they work “for the poor people”, meeting the demands of the general public.

We don’t know yet how useful we will be to such an organisation. I have only just finished my second year in English Law, and Graham has recently graduated from International Relations. None of us knows a lot from the Indian Reality (apart from the constant information, and reality slaps that we have been getting for the past two weeks), and we are still unsure as to how we can actually help.

Feeling pretty ignorant and useless, Asim told us that we might be useful in helping him do some research, as he intends to draft a bill in Victim and Witness Protection. This is our project: to research the Victim and Witness protection schemes in the UK and US, and then see how they could eventually adapt to the Indian Reality. Seems like a lot of work, let’s hope it all works out...
First impressions are confusing: we like the place, we like the people, but it is hard living and working in a world where no one understands you, and vice-versa. Marathi is far too complicated to be learned within a month, and smiles and gestures aren’t getting us very far! As Sarah would say, this is “a true Indian experience”!

...and without us noticing, 2 months have now gone by...

Monday, August 04, 2008

Comboios na India





Há quem considere alucinante uma volta na montanha russa, há quem dê tudo só para sentir aquela adrenalina, o pânico misturado com a excitação de testar os nossos limites. No entanto, e eu que posso dizer que já andei numas quantas montanhas russas, desafio todos esses valentes a experimentar uma viagem de comboio na Índia! E não precisa de ser uma viagem de comboio grande, daquelas em que há dormida e tudo, basta uma viagem de 10 ou 15 minutos para levar o teste aos vossos limites a um nível completamente diferente!


Ora, eu, como já era de esperar, tive essa experiência. Antes de entrar-mos na estação, as raparigas foram avisadas: “Se alguém fizer alguma coisa indecente, batam-lhe. Não, mas a sério, acertem-lhe com força e insultem-no que as pessoas juntam-se a vocês e o problema fica resolvido”. Até hoje, felizmente, ainda não tive de recorrer a estes recursos, mas pelas histórias que tenho ouvido, é uma prática bastante usual!

E claro que quando se ouve este aviso mal se entra numa estação de comboio, os níveis de adrenalina começam logo a subir por todos os motivos errados: pânico, alguma coisa vai correr mal! E a multidão, os empurrões, o lixo amontoado ao lado das escadas, as tendas montadas por todo o lado, as crianças a pedir à volta dos pais que dormem no chão, e no meio de toda esta confusão, uma vaca passeia-se sem que ninguém ache que é um fenómeno estranho! E comprar bilhetes é outra aventura, onde é tudo ao molhe e fé em deus, e todos os buracos são espaço para mais um tentar comprar o bilhete à frente dos outros.

De bilhetes comprados à que encontrar a estação. Qual é a linha? A Plataforma? Qual linha, qual plataforma! Há umas letras suspensas no ar, uns A e B, ou qualquer coisa assim parecida. De qualquer maneira, mesmo que houvesse mais, ninguém conseguiria ver no meio daquela multidão. Depois de muitas perguntas acompanhas por gestos, lá conseguimos chegar à estação. Na estação as mulheres ficam de um lado e os homens do outro. Tudo parece pacífico e não há nenhum comboio na linha. Quando fui confrontada com aquele cenário, onde até me disseram que há uma carruagem para homens e outra para mulheres, não percebi qual era o grande drama de andar de comboio. Afinal somos todos civilizados, pensei eu!

Estava eu neste meu descanso quando vejo um comboio a aproximar-se e pouco mais. Digo pouco mais porque mal eu vi o comboio já estava embrulhada numa marabunta de gente que arranha, empurra, esmaga, só para conseguir um lugarzinho naquela carruagem cheíssima de gente, que está preparada para fazer tudo o que for preciso para sair naquela estação. 40 segundos têm de ser suficientes para quem quer sair e quem quem entrar, é a lei da selva! Entre berros, arranhões e uma luta desenfreada lá consegui entrar no comboio. Entretanto tinha-me perdido das minhas amigas, e só depois de algum tempo dentro da carruagem é que as consegui localizar.
Já dentro da carruagem senta-se quem pode, e os outros sujeitam-se. Sujeitam-se aos empurrões dos que querem sair, dos que acabaram de entrar, dos que querem vender as suas coisas, dos que querem pedir dinheiro aos turistas, e daqueles que simplesmente não sabem bem o que estão ali a fazer. Eu , confesso, encontrava-me nesta última categoria! Ouvir as palavras “we are getting off at the next stop” foi aterrorizador.

O pânico, o drama, o medo do desconhecido...isto tudo junto faz com que a viagem seja inesquecível! E de repente, quando o pânico ainda nem teve tempo de se instalar, lá vai a marabunta outra vez, e os gritos, os arranhões, o salve-se quem puder! Mas da segunda vez custa menos, da segunda vez o efeito surpresa já lá não esta... Mesmo assim, não deixa de ser uma experiência...intensa.E quando voltamos à viagem de comboio, desta vez com alguém que ainda nao experimentou, a piada está em ver-mos neles o pânico do desconhecido que eu bem conheci. E nessa altura, já eu berrava, e dava instruções, e a acalmava, tal como me fizeram da minha primeira vez. Porque na India somos todos uns treinadores de bancada!








Thursday, July 31, 2008

Monday, July 28, 2008

Meninos Ricos, Meninos Pobres...




Completamente alienada, sentada num café ontem, a trabalhar num trabalho de pesquisa no meu computador, dou por mim a olhar pela janela, onde do outro lado estavam dois meninos. Vestidos da mesma maneira, de idades claramente diferentes, e com algumas parecencas, pressupus que fossem irmaos. Estavam os dois fascinados com os computadores que tinhamos em cima da mesa, e achavam hilariante o facto de estarmos os dois a estudar e a escrever no computador. Tudo isto era fascinante aos olhos deles.


É fácil de perceber porque é que nos começamos a sentir desconfortáveis. Com que direito estavamos nós, na terra deles, dentro de um café de luxo, com ar condicionado e outros requintes que tal, a olhar para dois meninos do outro lado do vidro, que andaram provávelmente a pedir o dia inteiro, e não se cansavam de olhar para os nossos computadores. É uma realidade aterradora que nos faz pensar constantemente.


Talvez por descargo de consciência, ou por ser a única atitude admissível numa situação daquelas, levantamo-nos e fomos comprar dois bolos de chocolate: um para cada menino. Como já era de esperar, eles ficaram radiantes com o bolo de chocolate que lhes demos. E dar um bolo de chocolate a dois meninos esfomeados não nos faz sentir melhor, ou menos mal, num clima de extrema pobreza como este. O que são dois meninos no meio do mar de pedintes, e pessoas com vidas miseráveis que vemos todos os dias?


E pessoas como nós vêm do ocidente, secalhar convencidos de que vêm mudar o mundo deles, com ideias feitas e certos preconceitos em relação à realidade indiana, para ao fim de contas levarem chapadas (bem merecidas) da realidade nas trombas. É fácil dizer que o mundo é injusto, quando estamos sentados no sofá, com uns ténis da nike e uma saia da miss 60; é fácil falar da pobreza e do desemprego do alto de um pedestral; é facil congeminar teorias e outras coisas que tal em relação aos países do terceiro mundo; tudo é facil quando não temos que lidar com a realidade das coisas no dia a dia. Longe de pensar que agora sim, já percebo tudo e já posso falar, longe de puder sequer começar a imaginar quão difícil é para estas pessoas sobreviver, ao ter-mos de conviver com esta cruel realidade todos os dias, é impossível fechar os olhos e fazer de conta que é tudo um mito que se há-de resolver um dia com filosofias, tratados e coisas que tal...

Bombay: a week later




First set the mood with some Peter, Paul & Mary: Very Last Day. Ou melhor, vao em frente e oucam o album todo! Go tell it on the mountain!

It has been an impossibly busy week, hence the lack of writing. On top of that it was been a long time since I actually turned on my computer, so even typing seems weird! I guess India does this to people... Has professor Cazzinelli would have said: “time flies when you are having fun” and curry!

Between 9 to 5 lectures about sexuality, microfinance, law, economics, and all other interesting (but long and complicated topics) we are blessed with tea and curry for the hungry ones! Curry rice in the morning, curry at lunch, curry at dinner...curry at every meal! In fact, there is no other food available...if you want to eat, you better learn how to eat curry.

Enfim..nao tem sido facil a adaptacao a comida, aos horarios, ao clima, aos banhos de agua fria, e a todas essas pequeninas coisas que me fazem sentir tao longe de casa! Mas numa pagina bem mais optimistica, nunca teria eu sonhado ter uma experiencia tao estranha e diferente. Sim, estranha....porque nao eh todos os dias que nao se consegue encontrar um fato de banho, a nao ser um vestido de baile impermeavel com uns calcoezinhos e uma touca muito foleira que nem a minha avo usaria (!), porque as mulheres na india ainda nao tem estatuto para ir a piscina. Sim, porque nao eh todos os dias que eh preciso uma fotocopia do passaporte e respectivo visa para se conseguir um cartao de telemovel, por causa da mafia e do mercado negro. E tambem nao eh todos os dias que vemos vacas a passearem-se por entre as pessoas que dormem no chao da estacao do comboio. E enquanto algumas destas experiencias sao hilariantes, outras servem para nos abrir os olhos para uma ex-colonia que foi deixada na miseria, com uma populacao que luta de forma fascinante contra a pobreza.

“Nao lhes dem as garrafas de agua vazia, e muito menos dinheiro”, dizem-nos os organizadores da minha pequena aventura. Mas como eh possivel ver criancas de 6 ou 7 anos a pedir na rua, e nao fazer nada quando para nos 10 rupias nao significa nada? Como eh possivel ignorar a pobreza em que a maior parte desta sociedade vive e andar em frente? Se bem que as intencoes sao as melhores, dado que as garrafas de agua vazias servem para as criancas porem cola la dentro para depois se dograrem, e o dinheiro pelos vistos serve para comprar a respectiva cola. Ha quem, inteligentemente, va com as criancas comprar comida para se certificarem das boas intencoes.

E no meio disto tudo, aparecem uns extra terrestres, para quem tudo e barato, e tudo eh facil! E vao as compras, e protestam os precos, e dizem ola, e vieram voluntariar-se durante dois meses para a India, com a unica certeza de que eles se vao embora! E estranho ser esse extra-terrestre. Um extra-terreste que tem de ter cuidado, e nao andar com decotes, ou saias curtas! Um extra-terrestre que vagueia meio perdido por uma multidao que parece ja estar habituada...

Uma semana e pouco para uma pessoa se conseguir adaptar a esta realidade. E complicado compreender, e acima de tudo aceitar, este mundo diferente e estranho!

Monday, June 16, 2008

DHRI

"You are crazy in the head" foram das primeiras palavras (simpáticas) que ouvi quando comuniquei que tinha decidido aceitar entrar num programa de voluntariado na Índia. As indiscritiveis expressões que surgem logo depois das palavras "sim, mas vou agora 2 meses para a Índia em regime de voluntariado", não têm preço! Conclusão, tenho a humanidade, tirando mais uns 30 "crazy in the head" como eu, e mais um ou outro mortal, contra a minha aventura!

DHRI, também conhecido por, Development of Human Rights in India, é uma organização que teve início em 2007. Tem como propósito levar estudantes Ingleses, Americanos ou Canadianos (ou até mesmo, como no meu caso, estudantes de outras nacionalidades que estudem num destes países), até à Índia, onde são integrados numa ONG em regime de voluntariado. Parece giro, quão giro ainda estou eu para ver!

Candidatei-me por volta de fevereiro, como uma brincadeira, só para ver se entrava. Resultado: entrei, e do entrar ao contar às primeiras pessoas e isso resultar em eu ter decidido ir foi um instante! E a brincar, já lá vai um mês em constante preocupação do que será viver 2 meses na Indía!

Muito pior do que pagar para ser explorada, e muito mais assustador do que a ideia de viver 2 meses num país totalmente desconhecido, são as duas vacinas que vou ter de tomar hoje de tarde! O sofrimento é muito!

Hoje não, porque o Instituto de Medicina Tropical já me espera, mas dentro de pouco tempo hão-de surgir algumas actualizações sobre a minha vida nesse país longínquo... E agora sim, vou dar o verdadeiro sentido à expressão "não há almoços grátis"!

E a unica coisa que me consola é saber que tu
vais estar pior, muito pior do que eu,
algures na mongólia! ;)

Wednesday, April 23, 2008

Norah Jones


A vida é muito injusta.

Norah Jones vai a Portugal assistir à estreia do filme "My Blueberry Nights".
Não bastava eu ter tido que entregar 4 trabalhos na semana em que o filme passou no cinema, e ter de esperar até dia 25 de Abril para conseguir ver o filme no cinema da Universidade, agora fiquei a saber que porque fiquei em Inglaterra vou perder a Norah Jones em Portugal.

É desta que desisto dos estudos!

Friday, March 14, 2008

Aos famigerados exames...

Estou quase na época de exames.
Saiu hoje o calendário.
Um mês e duas semanas.
53 dias até ao meu primeiro exame.
.
O pânico já se começou a instalar, e tenho vontade de começar aos gritos estéricos e dizer que não é justo e que não quero e que não gosto dessas coisas complicadas a que chamam exames.
E como se já não chegasse o pânico dos exames, como quem não gosta come a dobrar calharam-me dois exames no mesmo dia. Dois exames de três horas, durante as quais é suposto sermos uns génios incompreendidos e dissertar sobre tudo e mais alguma coisa! Dois exames!
E nem saber que entro de férias dia 13 de Maio me consola...
.
Estou triste!

Saturday, March 08, 2008

"Evita-se Prenda Perfeita"

Haverá alguma coisa como a prenda perfeita? E o que é isso da prenda perfeita? Encontra-se, procura-se, tropeça-se nela? “Procura-se prenda perfeita”.

Não, não. Neste caso não se procura. Evita-se!

É que eu bem que procurei e nunca mais a encontrava, ora que, e só mesmo quando já não precisava dela para nada, é que a encontro. E depois pergunto-me se no momento da epifania não houve alguma intervenção divina, um pensamento positivo!? E nada! Nada! Pelo que me lembro foi só um desespero de causa, umas palavras óbvias atiradas ao acaso para o ebay (que já agora merece uma vénia!), e quem sabe se um bocado de sorte, e voilá: a prenda perfeita!

Entao e agora? É que estas coisas de prendas perfeitas não é brincadeira, ou bem que são precisas, ou é bem melhor ficarem escondidas lá pelos confins do mundo, bem longe da minha imaginação (só agora) fértil! Mas se é preciso uma prenda! Então mas se a prenda já está comprada, dou-a? É que também não consigo fazer nexo de não dar prenda só porque sei que o aniversariante vai gostar demasiado da prenda que eu comprei! Mas depois se der a prenda, há aquela coisa de “mixed signals” ou lá como lhes chamam (!), e outras confusões que tal! E isto tudo por causa de uma prenda! Como a vida anda complicada!

É que andamos todos à procura da prenda perfeita, nem que às vezes acertem um bocado ao lado! Como o meu Pai Natal que em diferentes natais me ofereceu um “baby pipi” em vez de um “baby born”, e umas “top star”, em vez de umas “all star”! E que frustração que isso foi!
Mas depois também houve aquele aniversário em que eu recebi exactamente aquele bilhete para aquele concerto, e aquele album com aquelas fotografias, ou aquele vestido, ou até aquela surpresa. E de tantas coisas que devo ter recebido ao fim do que suponho que tenham sido vinte e um natais e vinte aniversários (é de notar que estas contas de ter mais um natal que aniversário foram complicadas!), só me lembro daquelas que foram as prendas perfeitas. E agora que tenho uma mesmo a chegar, estou a pensar em escondê-la debaixo da cama, e ficar lá com ela, enquanto segue um postal que será eventualmente uma desilusão sem “mixed signals”, porque em vez de dormir penso demais em coisas inúteis e sem importância!

E o que me sossega no meio desta ansiedade toda de prendas perfeitas, é saber que na segunda feira quando abrir o embrulho do Ebay me vai sair na rifa alguma coisa completamente diferente daquilo que eu estava a pensar, e em vez da prenda perfeita vou ficar com um atentado a uma prenda perfeita. E o que me conforta mesmo neste pensamento, é que a “intenenção é que conta” não consta que alguma vez tenha enviado “mixed signals”!

Parabéns, espero que gostes!

Tuesday, March 04, 2008

tenho fome...

Quero arroz de tomate malandro com panados!
Quero uma lasagna!
Quero um bife com batatas fritas!
Quero empadão!
Quero ovos mexidos com salsichas!
Quero ovos escalfados com ervilhas!
Quero peixe no sal, ou sal no peixe, ou lá como se chama aquilo!
Quero bacalhau nas tal 50 maneiras!
Quero iscas de bacalhau!
Quero feijoada!
Quero almondegas!
Quero puré!
Opá, até quero sopa se não houver outra coisa!

Enfim, tenho fome...

Quero comida!

Friday, February 22, 2008

Não

Está tudo ao contrário. Secalhar não ao contrário do que estava, mas definitivamente ao contrário daquilo que eu queria que as coisas estivessem.

Somos egoístas, somos todos demasiado egoístas! E ficamos tristes porque queremos isto ou aquilo, e queremos que as pessoas mudem para serem exactamente como nos convem, e queremos isto e aquilo só mesmo porque nos apetece! E depois fazemos, e somos e acontecemos, e por mais que no fundo digamos que é a pensar nos outros temo-nos sempre a nós em consideração. No fim de tudo, de todas as batalhas, e de todas as conquistas, no fim de todas as noites perdidas em desabafos infindáveis, mudamos de ideias.

E o mundo não para porque nós mudamos de ideias? Já mudo demasiado, já está tudo virado ao contrário, e já não há nada a fazer. E depois queixamo-nos inutilmente que está tudo virado ao contrário, e no nosso egocentrismo não percebemos porquê.

Thursday, January 24, 2008

"Live and Let Die"

Estás perdida.

Ficaste sentada num degrau, esquecido algures no meio da subida. Desististe temporáriamente na pior altura. Estas praí sentada à espera que alguém te diga que está tudo bem e que podes continuar a enterrar a cabeça na areira. Não queres mais, já estás farta, por ti está tudo acabado e já podes voltar aos 5 anos. Já chega!

Não te apetece sair, não que te apeteça especialmente ficar em casa. Não te apetece deixar o mundo que não é tão confortável como seguro, as quatro paredes dentro das quais sabes que nada acontece. Apetece-te ficar na inércia de alguém que já viu tudo e não quer saber mais.

No entanto, vais olhando à tua volta, como quem murmura um “deixas-me?!”, porque sabes que no fundo isso está tudo errado. No fundo sabes que quando voltares ao mundo real, que continua lá fora, vai-te custar muito mais. No fundo tu sabes que continua tudo sem ti, e que quando tiveres que enfrentar a realidade e apanhar o mundo não vai ser fácil. Às vezes pensas como seria mais fácil se desistisses, se pudesses simplesmente dizer que não querias mais, se desse para deixar tudo para trás sem remorsos nem consequências e começar tudo de novo! Era tudo tão mais fácil...

Querias voltar ao mundo real, e voltar a não te importar com coisas pequeninas, e voltar a não achar que o mundo vai acabar, e voltar a não estar triste nem desconfortável ne, insegura. Querias voltar atrás e estudar tudo ao pormenor e guardar todos os detalhes para que tudo tivesse sido mais previsível, e para que agora fosse mais fácil. Querias a vontade de volta (!): a vontade de te levantares, e estudares, e trabalhares, e fazeres coisas e estares com pessoas, e receberes de volta o mundo. Querias tanta coisa...

Por enquanto, deixa-te por quereres o teu blog de volta, é um bom começo. E começa por pedir desculpa pela grande ausência, pela actual falta de prática e inspiração. Pode ser que voltes a ti em breve...

Quanto a mim, eu preciso que voltes a vida, que voltes a interessar-te por alguma coisa, que voltes a ser tu! Preciso que esqueças as complicações, ou que deixes de complicar, preciso que deixes para trás todos os problemas e voltes a ser tu! Preciso que aprendas finalmente a lidar com os namoros falhados, e os divórcios, e a morte e coisas que tal, e que voltes a ser tu! Preciso que deixes tudo para trás e recomeçes finalmente...