Há quem considere alucinante uma volta na montanha russa, há quem dê tudo só para sentir aquela adrenalina, o pânico misturado com a excitação de testar os nossos limites. No entanto, e eu que posso dizer que já andei numas quantas montanhas russas, desafio todos esses valentes a experimentar uma viagem de comboio na Índia! E não precisa de ser uma viagem de comboio grande, daquelas em que há dormida e tudo, basta uma viagem de 10 ou 15 minutos para levar o teste aos vossos limites a um nível completamente diferente!
Ora, eu, como já era de esperar, tive essa experiência. Antes de entrar-mos na estação, as raparigas foram avisadas: “Se alguém fizer alguma coisa indecente, batam-lhe. Não, mas a sério, acertem-lhe com força e insultem-no que as pessoas juntam-se a vocês e o problema fica resolvido”. Até hoje, felizmente, ainda não tive de recorrer a estes recursos, mas pelas histórias que tenho ouvido, é uma prática bastante usual!
E claro que quando se ouve este aviso mal se entra numa estação de comboio, os níveis de adrenalina começam logo a subir por todos os motivos errados: pânico, alguma coisa vai correr mal! E a multidão, os empurrões, o lixo amontoado ao lado das escadas, as tendas montadas por todo o lado, as crianças a pedir à volta dos pais que dormem no chão, e no meio de toda esta confusão, uma vaca passeia-se sem que ninguém ache que é um fenómeno estranho! E comprar bilhetes é outra aventura, onde é tudo ao molhe e fé em deus, e todos os buracos são espaço para mais um tentar comprar o bilhete à frente dos outros.
De bilhetes comprados à que encontrar a estação. Qual é a linha? A Plataforma? Qual linha, qual plataforma! Há umas letras suspensas no ar, uns A e B, ou qualquer coisa assim parecida. De qualquer maneira, mesmo que houvesse mais, ninguém conseguiria ver no meio daquela multidão. Depois de muitas perguntas acompanhas por gestos, lá conseguimos chegar à estação. Na estação as mulheres ficam de um lado e os homens do outro. Tudo parece pacífico e não há nenhum comboio na linha. Quando fui confrontada com aquele cenário, onde até me disseram que há uma carruagem para homens e outra para mulheres, não percebi qual era o grande drama de andar de comboio. Afinal somos todos civilizados, pensei eu!
Estava eu neste meu descanso quando vejo um comboio a aproximar-se e pouco mais. Digo pouco mais porque mal eu vi o comboio já estava embrulhada numa marabunta de gente que arranha, empurra, esmaga, só para conseguir um lugarzinho naquela carruagem cheíssima de gente, que está preparada para fazer tudo o que for preciso para sair naquela estação. 40 segundos têm de ser suficientes para quem quer sair e quem quem entrar, é a lei da selva! Entre berros, arranhões e uma luta desenfreada lá consegui entrar no comboio. Entretanto tinha-me perdido das minhas amigas, e só depois de algum tempo dentro da carruagem é que as consegui localizar.
Já dentro da carruagem senta-se quem pode, e os outros sujeitam-se. Sujeitam-se aos empurrões dos que querem sair, dos que acabaram de entrar, dos que querem vender as suas coisas, dos que querem pedir dinheiro aos turistas, e daqueles que simplesmente não sabem bem o que estão ali a fazer. Eu , confesso, encontrava-me nesta última categoria! Ouvir as palavras “we are getting off at the next stop” foi aterrorizador.
Já dentro da carruagem senta-se quem pode, e os outros sujeitam-se. Sujeitam-se aos empurrões dos que querem sair, dos que acabaram de entrar, dos que querem vender as suas coisas, dos que querem pedir dinheiro aos turistas, e daqueles que simplesmente não sabem bem o que estão ali a fazer. Eu , confesso, encontrava-me nesta última categoria! Ouvir as palavras “we are getting off at the next stop” foi aterrorizador.
O pânico, o drama, o medo do desconhecido...isto tudo junto faz com que a viagem seja inesquecível! E de repente, quando o pânico ainda nem teve tempo de se instalar, lá vai a marabunta outra vez, e os gritos, os arranhões, o salve-se quem puder! Mas da segunda vez custa menos, da segunda vez o efeito surpresa já lá não esta... Mesmo assim, não deixa de ser uma experiência...intensa.E quando voltamos à viagem de comboio, desta vez com alguém que ainda nao experimentou, a piada está em ver-mos neles o pânico do desconhecido que eu bem conheci. E nessa altura, já eu berrava, e dava instruções, e a acalmava, tal como me fizeram da minha primeira vez. Porque na India somos todos uns treinadores de bancada!
1 comment:
It looks so busy!! Especially the train, do people really live in the dirt, or is that my babelfish making things up?
What's the photo of the ladies only thing?
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