Thursday, July 31, 2008

Monday, July 28, 2008

Meninos Ricos, Meninos Pobres...




Completamente alienada, sentada num café ontem, a trabalhar num trabalho de pesquisa no meu computador, dou por mim a olhar pela janela, onde do outro lado estavam dois meninos. Vestidos da mesma maneira, de idades claramente diferentes, e com algumas parecencas, pressupus que fossem irmaos. Estavam os dois fascinados com os computadores que tinhamos em cima da mesa, e achavam hilariante o facto de estarmos os dois a estudar e a escrever no computador. Tudo isto era fascinante aos olhos deles.


É fácil de perceber porque é que nos começamos a sentir desconfortáveis. Com que direito estavamos nós, na terra deles, dentro de um café de luxo, com ar condicionado e outros requintes que tal, a olhar para dois meninos do outro lado do vidro, que andaram provávelmente a pedir o dia inteiro, e não se cansavam de olhar para os nossos computadores. É uma realidade aterradora que nos faz pensar constantemente.


Talvez por descargo de consciência, ou por ser a única atitude admissível numa situação daquelas, levantamo-nos e fomos comprar dois bolos de chocolate: um para cada menino. Como já era de esperar, eles ficaram radiantes com o bolo de chocolate que lhes demos. E dar um bolo de chocolate a dois meninos esfomeados não nos faz sentir melhor, ou menos mal, num clima de extrema pobreza como este. O que são dois meninos no meio do mar de pedintes, e pessoas com vidas miseráveis que vemos todos os dias?


E pessoas como nós vêm do ocidente, secalhar convencidos de que vêm mudar o mundo deles, com ideias feitas e certos preconceitos em relação à realidade indiana, para ao fim de contas levarem chapadas (bem merecidas) da realidade nas trombas. É fácil dizer que o mundo é injusto, quando estamos sentados no sofá, com uns ténis da nike e uma saia da miss 60; é fácil falar da pobreza e do desemprego do alto de um pedestral; é facil congeminar teorias e outras coisas que tal em relação aos países do terceiro mundo; tudo é facil quando não temos que lidar com a realidade das coisas no dia a dia. Longe de pensar que agora sim, já percebo tudo e já posso falar, longe de puder sequer começar a imaginar quão difícil é para estas pessoas sobreviver, ao ter-mos de conviver com esta cruel realidade todos os dias, é impossível fechar os olhos e fazer de conta que é tudo um mito que se há-de resolver um dia com filosofias, tratados e coisas que tal...

Bombay: a week later




First set the mood with some Peter, Paul & Mary: Very Last Day. Ou melhor, vao em frente e oucam o album todo! Go tell it on the mountain!

It has been an impossibly busy week, hence the lack of writing. On top of that it was been a long time since I actually turned on my computer, so even typing seems weird! I guess India does this to people... Has professor Cazzinelli would have said: “time flies when you are having fun” and curry!

Between 9 to 5 lectures about sexuality, microfinance, law, economics, and all other interesting (but long and complicated topics) we are blessed with tea and curry for the hungry ones! Curry rice in the morning, curry at lunch, curry at dinner...curry at every meal! In fact, there is no other food available...if you want to eat, you better learn how to eat curry.

Enfim..nao tem sido facil a adaptacao a comida, aos horarios, ao clima, aos banhos de agua fria, e a todas essas pequeninas coisas que me fazem sentir tao longe de casa! Mas numa pagina bem mais optimistica, nunca teria eu sonhado ter uma experiencia tao estranha e diferente. Sim, estranha....porque nao eh todos os dias que nao se consegue encontrar um fato de banho, a nao ser um vestido de baile impermeavel com uns calcoezinhos e uma touca muito foleira que nem a minha avo usaria (!), porque as mulheres na india ainda nao tem estatuto para ir a piscina. Sim, porque nao eh todos os dias que eh preciso uma fotocopia do passaporte e respectivo visa para se conseguir um cartao de telemovel, por causa da mafia e do mercado negro. E tambem nao eh todos os dias que vemos vacas a passearem-se por entre as pessoas que dormem no chao da estacao do comboio. E enquanto algumas destas experiencias sao hilariantes, outras servem para nos abrir os olhos para uma ex-colonia que foi deixada na miseria, com uma populacao que luta de forma fascinante contra a pobreza.

“Nao lhes dem as garrafas de agua vazia, e muito menos dinheiro”, dizem-nos os organizadores da minha pequena aventura. Mas como eh possivel ver criancas de 6 ou 7 anos a pedir na rua, e nao fazer nada quando para nos 10 rupias nao significa nada? Como eh possivel ignorar a pobreza em que a maior parte desta sociedade vive e andar em frente? Se bem que as intencoes sao as melhores, dado que as garrafas de agua vazias servem para as criancas porem cola la dentro para depois se dograrem, e o dinheiro pelos vistos serve para comprar a respectiva cola. Ha quem, inteligentemente, va com as criancas comprar comida para se certificarem das boas intencoes.

E no meio disto tudo, aparecem uns extra terrestres, para quem tudo e barato, e tudo eh facil! E vao as compras, e protestam os precos, e dizem ola, e vieram voluntariar-se durante dois meses para a India, com a unica certeza de que eles se vao embora! E estranho ser esse extra-terrestre. Um extra-terreste que tem de ter cuidado, e nao andar com decotes, ou saias curtas! Um extra-terrestre que vagueia meio perdido por uma multidao que parece ja estar habituada...

Uma semana e pouco para uma pessoa se conseguir adaptar a esta realidade. E complicado compreender, e acima de tudo aceitar, este mundo diferente e estranho!