Monday, July 28, 2008

Meninos Ricos, Meninos Pobres...




Completamente alienada, sentada num café ontem, a trabalhar num trabalho de pesquisa no meu computador, dou por mim a olhar pela janela, onde do outro lado estavam dois meninos. Vestidos da mesma maneira, de idades claramente diferentes, e com algumas parecencas, pressupus que fossem irmaos. Estavam os dois fascinados com os computadores que tinhamos em cima da mesa, e achavam hilariante o facto de estarmos os dois a estudar e a escrever no computador. Tudo isto era fascinante aos olhos deles.


É fácil de perceber porque é que nos começamos a sentir desconfortáveis. Com que direito estavamos nós, na terra deles, dentro de um café de luxo, com ar condicionado e outros requintes que tal, a olhar para dois meninos do outro lado do vidro, que andaram provávelmente a pedir o dia inteiro, e não se cansavam de olhar para os nossos computadores. É uma realidade aterradora que nos faz pensar constantemente.


Talvez por descargo de consciência, ou por ser a única atitude admissível numa situação daquelas, levantamo-nos e fomos comprar dois bolos de chocolate: um para cada menino. Como já era de esperar, eles ficaram radiantes com o bolo de chocolate que lhes demos. E dar um bolo de chocolate a dois meninos esfomeados não nos faz sentir melhor, ou menos mal, num clima de extrema pobreza como este. O que são dois meninos no meio do mar de pedintes, e pessoas com vidas miseráveis que vemos todos os dias?


E pessoas como nós vêm do ocidente, secalhar convencidos de que vêm mudar o mundo deles, com ideias feitas e certos preconceitos em relação à realidade indiana, para ao fim de contas levarem chapadas (bem merecidas) da realidade nas trombas. É fácil dizer que o mundo é injusto, quando estamos sentados no sofá, com uns ténis da nike e uma saia da miss 60; é fácil falar da pobreza e do desemprego do alto de um pedestral; é facil congeminar teorias e outras coisas que tal em relação aos países do terceiro mundo; tudo é facil quando não temos que lidar com a realidade das coisas no dia a dia. Longe de pensar que agora sim, já percebo tudo e já posso falar, longe de puder sequer começar a imaginar quão difícil é para estas pessoas sobreviver, ao ter-mos de conviver com esta cruel realidade todos os dias, é impossível fechar os olhos e fazer de conta que é tudo um mito que se há-de resolver um dia com filosofias, tratados e coisas que tal...

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