Monday, March 26, 2007

A ti, a quem nunca dediquei nada!

Somos hipócritas em tudo o que fazemos. Somos cínicos até ao fim. É demasiado complicado sermos de outra maneira. E mesmo aqueles que acham que sim, que faziam, e que eram, e que aconteciam, acabam sempre por cair por terra e não fazer nada.

Supostamente não compensa termos inimigos, não compensa dizer-mos as pessoas aquilo que pensamos delas, não compensa agirmos consoante os nossos ideais e as nossas perspectivas. Simplesmente, não compensa.

E quando compensa é porque não é bem assim. Quando compensa é porque não estamos a ver bem a situação, e se estivessemos na outra posição iriamos ver como não compensa. Só compensa quando não se passa comnosco.

E vamos vivendo (bem?!) neste mundo de hipócritas e cínicos, em que todos fazemos de conta que gostamos daquilo que não gostamos, e que somos aquilo que estamos longe de ser, e que ambicionamos tudo aquilo que nem sequer nos alicia. Há quem lhe chame sobrevivência.

Mas tu não! Tu vives acima disso, e és tu que fazes com que todos os outros queiram ser assim. Tu és mais do que isso, e não te submetes a essas coisas mundanas. Tu tens inimigos e vives com eles, porque sabes que tens amigos que estarão sempre lá para para impedir as facadas. Tu já não te importas, já não queres saber! Tu és tu acima de qualquer outra coisa! E eu, eu limito-me a orgulhar-me de ti...

"did I ever told you I love you?"

Thursday, March 22, 2007

Pequenina

Olho para ti todos os dias, e no entanto ainda não tive coragem de ir falar contigo outra vez. Olho para ti porque estás espalhada por todo o lado na minha parede, porque não há fotografia daqueles tempos que tu não pertenças lá, porque aconteça o que acontecer vais continuar sempre a ser a minha amiga!

E no entanto, sinto-me mal, verdadeiramente egoísta e comodista, quando vou ter contigo, e estou contigo, e falo contigo, e tu já não és tu! E eu queria que tu fosses tu, e eu queria que me dissessem que havia hipóteses de voltares a ser tu, e eu queria chegar lá e puder abraçar-te e falar contigo e contar-te todas as coisas parvas se passaram no último ano (e quase meio). Mas sempre que vou ter contigo, limito-me a ficar feliz, e acredita que fico genuinamente feliz, por gostares de me ver, e de estar comigo, e de saberes (penso eu) que eu ainda não me esqueci de ti!

Desculpa não ter sido a amiga que devia ser. Mas custa-me perguntar por ti, e saber que no máximo falo dois minutos contigo e ficas cansada, e eu sei que estás muito melhor, mas eu queria é que estivesses de volta! Desculpa ser egoísta, mas fazes falta! E cada vez que estou contigo, e sempre que posso estou contigo, cada vez que te vejo diferente, numa luta constante para voltares a andar, e a escrever, e a pensar, lembro-me do tempo que vai demorar a estares de volta, e da falta que nos fazes.

É mais fácil viver na ilusão, olhar à volta, enterrar a cabeça na areia, e fazer de conta que não houve nenhum acidente, e que ainda nada mudou...

Tenho saudades...

Tuesday, March 13, 2007

Ana Maria e os Cinco Anos

Ana Maria tinha cinco anos. Só cinco anos, e nada mais do que cinco anos. E como era bom ter só cinco anos! Ana Maria gostava de amarelo, sem isso querer dizer mais nada sem ser que ela gostava de amarelo, era amiga da Joana, sem isso querer dizer que não podia ser amiga da Francisca, queria ser professora, astronauta ou jornalista, e ninguém lhe perguntava se ia ter saídas profissionais, e entre todas as certezas que tinha, a mais certa delas todas era que os pais eram os melhores do mundo!

Porque aos cinco anos não há nada como os pais. Os pais podem ser egoístas, egocêntricos, desnaturados, queridos, amáveis, atenciosos, ou mesmo maquiavélicos que são todos adorados da mesma maneira.

Porque aos cinco anos os amigos são todos iguais. Pode haver uma ligeira preferência por este, ou por aquele, mas os interesses ainda são todos os mesmos! Os amigos ainda gostam todos das mesmas brincadeiras, os amigos ainda acham que vão ser sempre amigos, os amigos ainda vivem todos de sonhos e ilusões.

Porque aos cinco anos, ter uma mão cheia de anos é a coisa melhor do mundo. Aos cinco anos, puder dizer que já temos tantos anos como cinco, é só por si sinal de uma enorme responsabilidade! E somos importantes, e somos independentes, e somos senhores e senhoras dos nossos narizes, e somos especiais, e somos isto e aquilo porque temos cinco anos!

Porque aos cinco anos o mundo é preto e branco. Aos cinco o Sonic é bom e o Dr. Robotnik é mau. E não há cinzentos confusos pelo meio, nem complicações nenhumas para atrofiar o sistema nervoso! Tudo faz sentido, e quando não faz há sempre uma saia atrás da qual nos podemos esconder e sentir-nos seguros, porque temos cinco anos!

Porque aos cinco anos não há crises amorosas, nem noites de Ben & Jerry, nem relacionamentos complicados.

Porque aos cinco anos somos todos uns génios ainda com algumas esperanças de virmos a ser compreendidos!

Ana Maria tinha cinco anos. E como eu não dava qualquer coisa por aqueles cinco anos!

Wednesday, March 07, 2007

Sobrevive

Não tinha sido um erro. Não tinha sido uma vez. Não tinha sido inocente. Não tinha sido “só” por causa de uma noite de loucura, de uma bebedeira ocasional, de um flirt numa noite de desespero. Não.

Foi planeado, foi pensado, foi deliniado ao mais pequeno promenor para que não fosse descoberto. Foi escondido, foi meticulosamente articulado para que todas as partes envolvidas não fossem de modo algum afectadas num futuro próximo. Foi inimaginávelmente bem feito.

É mentira que fazemos tudo pelo próximo. É mentira que as pessoas ficam juntas para sempre. È mentira que a esperança é a última a morrer. Quantas vezes já não presenciamos todos momentos em que a esperança morre e ainda há tanta coisa viva?

Morreu tudo. Morreu o desejo de querer voltar a ver tudo bem. Morreu a vontade de sentir saudades. Morreram todos os sonhos. Morreram todos os caprixos. Morreu a vontade de sentir seja o que fôr. Morreu isto, e aquilo, o que veio e o que estava para vir. Morreu tudo.

E agora? Como e que volta a haver esperança, e desejo, e motivação, e vida?

Sou pequenina, não tenho respostas. Não sei sequer se quando for grande as vou ter! Mas tenho a certeza que há coisas que valem realmente a pena. Há mesmo tantas coisas que valem a pena... E apesar de não estar aí para te pegar na mão e mostrar-te como tudo vai ficar direitinho, apesar de não puder ser eu a levar-te até la, apesar não ser eu a pessoa que tem as respostas, apesar de não saber sequer como é que tudo se vai resolver, eu tenho a certeza que ainda há muita coisa que vale a pena, e acima de tudo que tu vales a pena!

Não desistas. Nunca desistas.

É tudo uma questão de sobrevivência.