Há uma semana, o Asim disse-nos que tinhamos de preparar uma apresentação sobre violência doméstica. Foi totalmente inesperado. Ficamos tão irritados, que só conseguiamos insultar o Asim e as ideias dele! Olhando para trás, é preciso dizer que nem toda a nossa indignação foi exagero, tendo em conta que o Asim acha que por estudarmos em Inglaterra temos de saber tudo, desde o que estudamos até como se plantam batatas! Enfim...
Foi no meio de todos estes lamentos, e reclamações que nos decidimos a começar a pesquisa sobre violência doméstica. Para nosso sincero espanto, não é que até foi interessante? Não é que nós até gostamos de estudar aquela coisa? Passamos uma semana a ler artigos, e à procura de casos sobre violência doméstica para pudermos incluír na nossa apresentação.
Quando chegamos ao “escritório” e tentamos mostrar ao Asim o nosso trabalho, despaxado como sempre, ele disse-nos que não precisava de ler o nosso trabalho, que a única preocupação que nós precisavamos de ter é que o trabalho não fosse muito teórico, já que a nossa audiência ia ter problemas em perceber o nosso inglês, e nós não os queriamos própriamente a dormir! Mais uma vez, ficamos meio encavacados, porque, como já era de esperar, o nosso trabalho era bastante teórico! Tinhamos andado entretidos a perceber a lei, e como é que a declaração europeia sobre os direitos humanos podia influenciar, e a polícia, e isto, e aquilo...e de repente não era nada daquilo que tinhamos de falar!
Lá voltamos nós outra vez à pesquisa para tentar encontrar casos para puder expor na nossa apresentação. É preciso confessar que esta tarefa não se mostrou nada fácil! Mas lá conseguimos um caso ou outro, e rápidamente chegamos a conclusão que podiamos sempre manipular um bocadinho os factos! Quer dizer, afinal de contas estamos na Índia!
Na véspera da tal dita “conferência”, lá fizemos uma apresentação em powerpoint, mas sem grandes preocupações dado que nós estavamos convencidos que iamos ter uma pequena discussão com umas 10 ou 15 pessoas! Mal nós sonhavamos o sucesso que o nosso pequeno, e muito rústico, powerpoint iria ter!
Eram 10:30 da manhã quando entramos no escritório. Toda a gente parecia muito atarefada, e o Asim não tinha muito tempo para nos aturar. Ficamos a conversa com as nossas colegas indianas para ver se o tempo passava. Estavamos nós na amena cavaqueira quando o Asim declara “têm 10 minutos para escrever uma nota rápida para dar a imprensa”. Nota? Imprensa? Quantas!? “Sim, é que eles podem não ‘apanhar’ toda a informação que vocês estão a apresentar”. Havia alguma coisa que começava a não bater muito certo...
Foi no meio de todos estes lamentos, e reclamações que nos decidimos a começar a pesquisa sobre violência doméstica. Para nosso sincero espanto, não é que até foi interessante? Não é que nós até gostamos de estudar aquela coisa? Passamos uma semana a ler artigos, e à procura de casos sobre violência doméstica para pudermos incluír na nossa apresentação.
Quando chegamos ao “escritório” e tentamos mostrar ao Asim o nosso trabalho, despaxado como sempre, ele disse-nos que não precisava de ler o nosso trabalho, que a única preocupação que nós precisavamos de ter é que o trabalho não fosse muito teórico, já que a nossa audiência ia ter problemas em perceber o nosso inglês, e nós não os queriamos própriamente a dormir! Mais uma vez, ficamos meio encavacados, porque, como já era de esperar, o nosso trabalho era bastante teórico! Tinhamos andado entretidos a perceber a lei, e como é que a declaração europeia sobre os direitos humanos podia influenciar, e a polícia, e isto, e aquilo...e de repente não era nada daquilo que tinhamos de falar!
Lá voltamos nós outra vez à pesquisa para tentar encontrar casos para puder expor na nossa apresentação. É preciso confessar que esta tarefa não se mostrou nada fácil! Mas lá conseguimos um caso ou outro, e rápidamente chegamos a conclusão que podiamos sempre manipular um bocadinho os factos! Quer dizer, afinal de contas estamos na Índia!
Na véspera da tal dita “conferência”, lá fizemos uma apresentação em powerpoint, mas sem grandes preocupações dado que nós estavamos convencidos que iamos ter uma pequena discussão com umas 10 ou 15 pessoas! Mal nós sonhavamos o sucesso que o nosso pequeno, e muito rústico, powerpoint iria ter!
Eram 10:30 da manhã quando entramos no escritório. Toda a gente parecia muito atarefada, e o Asim não tinha muito tempo para nos aturar. Ficamos a conversa com as nossas colegas indianas para ver se o tempo passava. Estavamos nós na amena cavaqueira quando o Asim declara “têm 10 minutos para escrever uma nota rápida para dar a imprensa”. Nota? Imprensa? Quantas!? “Sim, é que eles podem não ‘apanhar’ toda a informação que vocês estão a apresentar”. Havia alguma coisa que começava a não bater muito certo...
Lá fomos pelo trânsito infernal, até que finalmente conseguimos chegar à “Universidade de Direito”, onde fomos logo a correr até à sala (julgava eu) em que iamos informalmente expor as nossas modestas ideias. Não foi até chegarmos à porta da “sala” e sermos recebidos pela directora da Universidade que nos apercebemos da gravidade da situação! “Mas nós não sabemos nada....mas....mas....” Mas nada! Era tarde demais para nervosismos, tivemos de respirar fundo e entrar na sala...
Mal entramos na sala, os alunos (112, sim, eu contei!) começaram todos a bater palmas. Foi no mínimo confuso. E, como se as palmas não bastassem, ainda recebemos flores e uns relógios (muito foleiros) como prenda de agradecimento por lá irmos falar. Foi aí que eu começei a ficar mesmo confusa! Então agora agradecem-me por ir falar com alunos de direito sobre um assunto que eu pesquisei uma semana? Alunos que, ao contrário de mim, já estudam direito à mais de quatro anos?
Porque na Índia as surpresas nunca podem ficar por aqui, antes de eu começar a dar a minha apresentação o Asim disse-me: “ah! Se não te importas dá uma pequena introdução acerca da situação em termos de violência doméstica em Portugal”. Pronto, foi a gota de água! Então eu que mal vivi em Portugal, nunca estudei direito português, tinha de ir falar sobre a situação em Portugal? Já faltou mais para a plantação de batatas...
Fui controlando o meu nervosismo enquanto o Graham, que foi o primeiro a apresentar a parte dele, falava dos procedimentos da polícia. Espantosamente a minha apresentação não correu mal, tive a sorte de o meu anjo da guarda me ter ligado na noite anterior, e de a conversa ter resultado em ela me dar umas estatísticas malucas de violência doméstica em Portugal, que eu utilizei na minha apresentação! Numa mistura de prática e teoria, a apresentação lá correu bem... Aliás, as nossas quatro apresentações correram tão bem que no final até tivemos direito a ser levados a almoçãr num restaurante todo pi-pi, pela directora da Universidade e os seus subordinados!
Por sorte, só no fim deste dia complicado é que olhei para trás e reparei que no cartaz exposto na parede se podia ler: “Key Speakers: Asim Sarode, Martha Almeida, Graham Hargreaves”. “Thank you very much for coming from the UK to talk to us about this”, e, mesmo tendo em conta que as razões que me levaram a vir à Índia estavam longe de uma confêrencia sobre violência domestica, “it was our pleasure, thank you for what turned out to be an amazing experience”.
E foi assim que, pela primeira vez fui uma “guest speaker”, e não foi num evento qualquer (!), eu fui um dos convidados of the first international conference on domestic violence! Cheers!
1 comment:
Parabéns :)
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