Tuesday, July 21, 2009

HHGTTG - Criticado pelo "i"

Já tinha tornado bem clara a minha adoração pelo Hitchhiker's Guide to the Galaxy (HHGTTG), sim, porque mesmo tendo adorado tudo ao contrário (primeiro descobri o filme, e só depois ouvi as cassetes e li o livro), adoro, com muita convicção, o Douglas Adams! Não é por isso de estranhar o meu espanto, e acima de tudo indignação (!) quando vejo no jornal I o HHGTTG atirado para o monte das 5 piores adaptações de sempre.

É que convenhamos que ser uma má adaptação do séc XX já é mau que chegue, mas ser considerado uma das piores (entre uns meros 5 filmes!) adaptações de sempre, é insultuoso. Como tal, sinto-me na obrigação de vir em defesa de Douglas Adams, do Marvin, e de uma adaptação que jamais mereceria ser considerada uma das piores adaptações de sempre.

E isto sou eu a ser rebelde:


Qual não é o meu espanto quando, ao desfolhar o vosso jornal, deparo com uma crítica negativa ao grandioso Douglas Adams, ou, se preferirem, à adaptação que o próprio ajudou a fazer do livro dele "À Boleia Pela Galáxia" (que, por conveniência, vou passar a abreviar por HHGTTG). Na edição fim-de-semana do dia 18/19 de Julho, o filme vem referido na página 45 como sendo uma das 5 piores adaptações (de sempre?).·Se não se tratasse do Douglas Adams e da adaptação da sua famosa "trilogia em quatro partes" (ou cinco, se quiserem muito), eu talvez não me desse ao trabalho de partilhar convosco a minha indignação. Mas, e como foi referido na brevíssima crítica que fizeram ao filme, o HHGTTG foi não só uma brilhante série de rádio da BBC, como também deu origem a minisséries e a cinco fabulosos livros de ficção científica. O Douglas não merecia isto!


É certo que muitos outros Grandes já viram a adaptação dos seus livros criticados, até o meu estimado Hemingway viu o "To have and Have Not" fracassar (sabe-se lá como) junto da crítica, mas não foi com certeza rematado por linha e meia de uma crítica que não faz sequer sentido.
Mas isto faz-me perguntar-vos: o que é uma boa adaptação? É quando os filmes reflectem exactamente o que lemos no livro? É quando gostamos tanto dum como de outro? É o quê exactamente? Que critério usaram vocês para puder rematar o HHGTTG como sendo uma péssima adaptação ao cinema?Para quem teve o prazer de ler a introdução à "Omnibus Edition" do HHGTTG, em que Douglas Adams se dispôs a fazer a introdução, teve o gozo de ler como o próprio autor se espanta quando "os factos no seu livro batem certo", e como isso não passa de mera coincidência visto que ele não planeou nada! As cassetes são diferentes do livro, aliás ele próprio afirma que usou o livro para dar ênfase a partes que não teve oportunidade nas cassetes, e mudar o que lhe apetecesse. Ora, o filme teve a participação dele, é certo que infelizmente Douglas Adams morreu antes de o filme ter sido concretizado, mas ele ajudou a que o guião fosse escrito, e participou nas decisões sobre o rumo que o filme deveria levar. O filme não era necessariamente uma adaptação chapada do livro, se calhar Douglas Adams nem nunca quis que assim o fosse!


No entanto, e deixando-me de especulações, os factos são os seguintes: teria sido impossível adaptar cinco livros rebuscados daquela grandiosidade ao cinema, e nem sequer teria havido qualquer interesse nisso. Quem leu os livros percebe que há inúmeras críticas sociais na forma de "comentários" que nunca seria possível serem postos em forma de diálogo sem tornar o HHGTTG um filme longo e pseudo-intelectual (coisa que o livro nunca pretendeu ser). Sendo assim, o HHGTTG apresenta-se no espírito absurdo e animado que Douglas Adams sempre pretendeu dar às suas obras. É óbvio que a história está abreviada, o final é muito mais romântico, as piadas foram reduzidas a metade, e o Arthur nem teve tempo de experienciar a pré-história, mas vocês, críticos de cinema, deviam saber que em Hollywood as expectativas são diferentes!

E, quem escreveu a célebre frase: "O filme ficou muito aquém. Vale pelos golfinhos sarcásticos e a famosa tirada: "so long and thanks for all the fish", deve ter-se esquecido que a famosa tirada, e com ela os golfinhos, vem de um dos livros da saga. Como tal, ou se referia à canção, e aí acho que todos lhe tiramos o chapéu, ou se esqueceu que estava só a criticar o Douglas Adams e a sua comunidade de fãs.


Com os melhores cumprimentos



"Ai Douglas, Douglas..."

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