Eu tenho um segredo.
Tenho um segredo que não é meu, nem devia estar comigo, mas deram-mo para guardar e eu agora não sei o que faça com ele.
Não gosto de segredos. Não gosto de ter segredos. Não devias confiar em mim um segredo, simplesmente porque eu não o quero. Fica com ele! Podes-mo dar, talvez um dia, quando ele já não for segredo.
Se é um segredo, é porque tu não queres que se saiba, e se tu não queres que se saiba, é porque é alguma coisa que não se deve saber, e se não se deve saber o que te faz crer que eu o quero? Mas pior que ele ser segredo, é saber do segredo. Se eu não soubesse dele, e tu nunca mo tivesses dado para eu guardar, hoje era um eu muito mais feliz, e sem segredo.
Acho que vou começar a delinear a minha vida antes do segredo e depois do segredo. Não que antes do segredo a minha vida fosse extraordinariamente diferente de depois do segredo. Não que antes do segredo eu soubesse alguma coisa que não saiba depois do segredo. Não que antes do segredo eu quisesse alguma coisa que não quero depois do segredo. Mas ao menos antes do segredo, eu não tinha que olhar para ti todos os dias e pensar, “eu sei o teu segredo”.
Porque há segredos que não se contam sabias? Há segredos que são segredo porque se todo o mundo soubesse deles, ia entrar em desatino, e ninguém quer um mundo desatinado! Há segredos que se não fossem segredo, iam deixar alguém triste, e alguém feliz, e alguém indiferente, e alguém constrangido, e alguém revelado. E será justo revelarmos alguém que não quer ser revelado?
Eu não queria saber do teu segredo. Não queria mesmo. E agora que sei do segredo que não queria saber, sei que todos os dias me vou deitar a pensar que o segredo está lá, e sei que todos os dias o segredo me vai lembrar que ainda está lá, e sei que quando o segredo adormecer é só para depois acordar e me relembrar que ainda lá está.
Eu não queria saber do segredo que tu me quiseste contar. Mas se me quiseste contar o segredo, mesmo que se calhar não fosse teu o segredo para mo contares, eu vou respeitar isso, e vou dizer ao segredo que eu preciso de ser eu para além do segredo, e sei que um dia ele vai perceber isso.
Desculpa. Desculpa não querer o segredo que tu tão desesperadamente me quiseste contar. Desculpa não conseguir compreender o segredo, deve haver segredos que são mesmo assim, incompreensíveis. Desculpa não conseguir desculpar ao segredo o facto de ele existir.
Tenho um segredo que não é meu, nem devia estar comigo, mas deram-mo para guardar e eu agora não sei o que faça com ele.
Não gosto de segredos. Não gosto de ter segredos. Não devias confiar em mim um segredo, simplesmente porque eu não o quero. Fica com ele! Podes-mo dar, talvez um dia, quando ele já não for segredo.
Se é um segredo, é porque tu não queres que se saiba, e se tu não queres que se saiba, é porque é alguma coisa que não se deve saber, e se não se deve saber o que te faz crer que eu o quero? Mas pior que ele ser segredo, é saber do segredo. Se eu não soubesse dele, e tu nunca mo tivesses dado para eu guardar, hoje era um eu muito mais feliz, e sem segredo.
Acho que vou começar a delinear a minha vida antes do segredo e depois do segredo. Não que antes do segredo a minha vida fosse extraordinariamente diferente de depois do segredo. Não que antes do segredo eu soubesse alguma coisa que não saiba depois do segredo. Não que antes do segredo eu quisesse alguma coisa que não quero depois do segredo. Mas ao menos antes do segredo, eu não tinha que olhar para ti todos os dias e pensar, “eu sei o teu segredo”.
Porque há segredos que não se contam sabias? Há segredos que são segredo porque se todo o mundo soubesse deles, ia entrar em desatino, e ninguém quer um mundo desatinado! Há segredos que se não fossem segredo, iam deixar alguém triste, e alguém feliz, e alguém indiferente, e alguém constrangido, e alguém revelado. E será justo revelarmos alguém que não quer ser revelado?
Eu não queria saber do teu segredo. Não queria mesmo. E agora que sei do segredo que não queria saber, sei que todos os dias me vou deitar a pensar que o segredo está lá, e sei que todos os dias o segredo me vai lembrar que ainda está lá, e sei que quando o segredo adormecer é só para depois acordar e me relembrar que ainda lá está.
Eu não queria saber do segredo que tu me quiseste contar. Mas se me quiseste contar o segredo, mesmo que se calhar não fosse teu o segredo para mo contares, eu vou respeitar isso, e vou dizer ao segredo que eu preciso de ser eu para além do segredo, e sei que um dia ele vai perceber isso.
Desculpa. Desculpa não querer o segredo que tu tão desesperadamente me quiseste contar. Desculpa não conseguir compreender o segredo, deve haver segredos que são mesmo assim, incompreensíveis. Desculpa não conseguir desculpar ao segredo o facto de ele existir.
Talvez um dia...
2 comments:
que peso na consciência. que segredo poderá ser?
enquanto viajava no diálogo que antecedeu este monólogo, em que alguém te conta o segredo, pensei se teria de facto sido um diálogo ou se o segredo que recebeste foi algo que viste ou sentiste, portanto nao contado.
porque parece algo tão disruptivo e sem sentido que tu saibas, que custa-me a acreditar que o alguem te tenha contado.
e, seja como for, tambem ha a hipotese de isto ser tudo ficção.
e se for, tanto melhor!
Obrigada por passares no meu blog e pelos comentários :)
Quanto ao Segredo... espero que consigas viver com ele!
beijinhos
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