Wednesday, January 31, 2007

"Perfect"

“Sometimes is never quite enough
If you're flawless, then you'll win my love”

Não te peço nada a não ser que sejas aquilo que não és. Não te peço nada a não ser que sejas o melhor em tudo aquilo que fazes. Não te peço nada que não seja a tua única obrigação na vida. Não te peço nada que já não estivesses à espera. Não te peço nada a não ser aquilo que quero ver feito.

“You've gotta try a little harder
That simply wasn't good enough
To make us proud”

Não há espaço para deslizes. Não são compreensíveis inseguranças. Não existe nada impossível. Não podes desistir. Pensas que é só temporário, há-de haver uma altura em que estás responsável por ti, essa ideia reconforta-te. Mas, e desde o momento em que escolhes o caminho que queres seguir, e especialmente a partir da altura em que tentas assumir o controlo da tua vida e separar-te de tudo aquilo que impunham sobre ti, desde o momento em que tentas fugir a convenções e expectativas, apercebes-te que estás demasiado preso a tudo isso para te deixares ir. As expectativas não são controláveis, e desde o momento em que expectativas são criadas falhar é inaceitável. E se por acaso falhas?

“Don't forget to win first place
Don't forget to keep that smile on your face”

Não falhas. Tu não falhas. Não foste feito para falhar. Se há alguma coisa que uns escassos anos de vida te conseguiram ensinar é que não há lugar para falhas.

“I'll live for you
I'll make you what I never was
If you're the best, then maybe so am I
Compared to him compared to her
I'm doing this for your own damn good
You'll make up for what I blew”


Falhei. E agora? E agora vive com o facto de que tudo aquilo que os outros esperavam de ti, passou a ser aquilo que tu achas aceitável para ti. E agora aprende a viver com a desilusão. Ego? Autoconfiança? Chama-lhe o que quiseres. Construíste um mundo de expectativas à tua volta, construíste tudo aquilo de que estás desesperadamente a tentar livrar-te de, a culpa é tua. Não queres alimentar esperanças, não queres cultivar expectativas, mas vives para elas.

“We'll love you just the way you are if you're perfect”

Não consegui. Não deu. Acontece. Ainda estás aí? Quero os meus sonhos, e as minhas próprias expectativas, e viver bem comigo, e aprender a viver com pequenas falhas, e saber as coisas a que eu quero realmente estar à altura de, e viver a vida por aquilo que eu sempre quis, e não ter medo que já aí não estejas se eu falhar.

No fundo, sei que este momento é o ideal para me começar a livrar de tudo aquilo que construí. No fundo sei que chegou a altura de te enfrentar. Mas agora, e enquanto espero pela coragem que parece tardar a chegar, reconforta-me a ideia de, aconteça o que acontecer, eu ir ter sempre os meus separadores transparentes.

30.

5 comments:

El-Gee said...

(Não fazes ideia de como eu gosto de te ler.)

Seja como for..percebo tão bem o que escreveste aqui. Era capaz de estar horas a falar disto, a contrapôr as expectativas que tenho sobre mim face aos meus desejos pessoais, que tantas vezes estão tão longe dessas expectativas.

Acho que todas as pessoas devem soltar as suas amarras e seguir o seu próprio caminho (se tiveres paciência, vê um post no meu blog chamado "um beijinho de boa noite" que é exactamente sobre isso). Mas o problema não é soltar-mo-nos, porque quando se sabe o que se quer, com firmeza, sabe-se segui-lo.

Não, o problema é que as expectativas sobre nós geralmente são as expectativas de que sigamos um caminho seguro, um caminho médio, um caminho sem compromissos que nos garantirá uma vivência medianamente feliz. E nós sabemos que se seguirmos esse caminho, pelo menos estamos seguros. Talvez insatisfeitos, mas seguros.

E os nossos desejos são, geralmente e pelo contrário, incertos, solitários, arriscados.

(Por vezes, os nossos desejos são tão indecisos, que se baseiam simplesmente a seguir o caminho contrário ao que é esperado que nós.)

Temos ânsia de seguir o nosso caminho, procurar o nosso verdadeiro EU, o EU que nao presta contas a expectativas e tradições, mas por vezes não perdemos tempo suficiente a perguntar-nos, com frieza: quem sou eu e o que quero, MESMO?

Tendo respondido a isso, teremos o nosso caminho e basta segui-lo. O problema é que a resposta a essa pergunta atormenta os humanos desde há séculos, razão pela qual muitos seguem o caminho médio. Aquele que se espera que percorramos e aquele que, provavelmente, acabaremos por tomar, não por resignação mas por cansaço de procurar.

Felizmente, tu e eu, somos novos, cheios de sonhos e esperanças. Felizmentem, pensamos na vida. Quem sabe encontremos o nosso caminho, seja ele qual for. Quem sabe, se o nosso caminho não é o caminho dos médios.

astuto said...

Compreendo-te.

"Nunca desistas. Quando achares que não aguentas nem mais um minuto, vai em frente, pois é nesse instante que a maré muda."

Continuação de um bom trabalho.

Visitem:
http:homemmau.blogspot.com
http:maisastuto.blogspot.com

Sarah Said said...

Marta, ninguem te conhece melhor do que eu (ou quase ninguem). Mas ate eu sei que apesar de tudo o que possas pensar sobre ti, tens sempre a coragem que te parece faltar agora...No fundo eu sei que tu sabes que falhar e na verdade muito melhor do que tu pensavas,

beijinhos

Sarah

"Pelo sonho é que vamos, comovidos e mudos
Haja ou nao haja frutos
Pelo sonho é que vamos (...)"

El-Gee said...

"I don't want what you want
I don't feel what you feel
See, I'm stuck in a city
When I belong in a field
Yeah we got left, left, left, left, left, left, left
Now its three in the morning and your eating alone
Oh the heart beats in its cage"

Anonymous said...

Apesar de cairmos muitas vezes, de os planos não sairem como planeamos, de desiludirmos os outros e consequentemente a nós próprios... há sempre uma luzinha que brilha. A essa luz chama-se coragem e força! Só temos que pegar nela com as mãos bem abertas e continuar as conquistas!

Obrigada por teres passado no meu blog!
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