O independente é aquele que não se importa.
O independente é aquele que finge que não sente a falta, que não tem saudades, que não gosta de ninguém o suficiente para derramar uma lágrima em caso algum.
O independente não precisa de afecto, de atenção, de amigos, de confidentes, de ninguém.
O independente é arrogante, é altivo, é enfim, independente.
E o triste é pensar que no fundo somos todos uns pseudo-independentes! Porque ser independente é que é socialmente aceitável.
É independente aquele que vive em casa dos pais até mais não, mas sai sempre que quer, até tem carro veja-se bem, e trabalha, e sustenta-se, e tem amigos mas não depende deles, e até é capaz de ter um namorico qualquer (mas nada que lhe tire o sono porque é, enfim, independente).
É independente aquele que acha que tudo o que é “fashion” é mau e por isso intitula-se de “alternativo”. Tem a mania que o preto é que não está na moda, e por isso é a única cor a ser usada. É anti-social, mas dá-se com todos aqueles que se auto-intitulam de anti-sociais porque isso sim é que é ser-se independente. Não gostam de ninguém, não dependem de ninguém, são genuinamente independentes.
É independente aquele que foi estudar para fora e já não vive em casa dos pais. Tem amigos porque viver fora de casa requer arranjar-se alguém com quem viver. Sai a noite, e é social, e conhece muita gente, mas depender de alguém? Jamais! É independente porque já não vive em casa, e isso sim é a independência!
Somos um bando de mascarados!
No fundo dá vontade dá gritar ao mundo que dependemos de alguém, que se não são os nossos pais, é o namorado, se não é o namorado é a amiga, se não é a amiga é o irmão, ou o primo, ou o que lhe quiserem chamar. É alguém. Todos precisamos de, pelo menos, alguém.
Mas não é socialmente aceitável termos saudades de todos os amigos que fomos perdendo pelo caminho, e mesmo que tenhamos saudades deles, não é socialmente aceitável exteriorizar tal sentimento. E porquê? Porque somos todos perfeitamente Independentes!
Deixa-te de coisas, torna-te Independente!
...e provavelmente nunca hás-de ler isto...logo tu, mascarado por excelência num meio em que tudo o resto é aniquilado!...
3 comments:
e eu que ingenuamente pensave que independente só o jornal!
tava a ver que nunca mais escrevias nada. sinto aí uma raivinha contra os "independentes". também sempre os achei banais.
é como os tais "alternativos". ser conscientemente alternativo é ser formatado. é muito melhor pertencer a um sub-grupo do que considerar-se meramente alternativo.
Independente só o sentimento, que não controlamos. De resto, somos fruto de uma teia de interacções e pensamentos.
Ainda bem que voltaste a escrever.
Não queria comentar para não ser inconveniente.
Infelizmente este blog priva-me de fazer um comentário anónimo, coisa que me irritou de inicio e, muito sinceramente, me continua a irritar.
Porque me priva de puder dizer o que acho deste blog!
E afinal qual é o mal de dizer Parabéns?
Parabéns. A realidade presente nestes teus textos é simplesmente uma delicia de ler - e sentir. Com o tempo só pode melhorar suponho eu.
Já agora, boa sorte!
PS. Será que se pode chamar de vazio aquilo que tem mil redomas a proteger e, por isso mesmo, nunca se pudera ver? Cá por mim nunca acreditei em coisas vazias. Não me faz sentido. Recuso!
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