Tuesday, September 08, 2009

Reclamações

Eu nasci para reclamar. Mas para reclamar a sério (!) de e-mail indignado, ou carta à direcção. Depois sinto-me mal, é claro... Se calhar não devia ser dada a tanta reclamação. “Tens demasiado tempo livre” dizem-me alguns... Mas afinal de contas sempre me disseram que era o meu direito!

Nos últimos três meses já declarei guerra ao Millennium BCP, à Eurosport, e ao Jornal i. E hoje foi mais uma a wook.pt! Mas tudo com motivos! É que, e em minha defesa, eu estou convencida de que se não reclamarmos é que as coisas nunca mais vão ser feitas. Se ninguém lhes disser nada, vão com certeza ficar convencidos de que fizeram mais um bom trabalho. Ora, eu não os quero equivocados! Em nome da dissolução de todos esses equívocos, venho então apelar a que se reclame quando não se está satisfeito.

Não gosto de me sentir sozinha neste mundo de reclamações civilizadas! É que já que não vou estar em Portugal para fazer valer o meu voto, faço ao menos valer a minha reclamação!

Wednesday, September 02, 2009

Coragem

Todos os anos, lá para meados de agosto, fazemos novos planos. Todos os anos decidimos que vamos mudar tudo. Todos os anos nos convencemos que "este ano é que vai ser". Todos os anos nos levantamos cheios de propósitos, e todos os anos estamos genuinamente convencidos que vamos conquistar o mundo mal chegue Setembro. Todos os anos, chega a Junho e apercebemo-nos que não fizemos nada.


Nada. Continuamos na mesma casa, com os mesmos amigos, a fazer as mesmas coisas. Continuamos sem aprender nenhuma outra língua, ou ir ter ido saír aquela discoteca nova, ou ter visitado aquele pub a que tinhamos jurado ir um dia. Continuamos sem saber o que fazer. Continuamos exactamente na mesma, um ano depois.


E nós, que tantos anos antes eramos pessoas cheias de propósitos e convicções, somos vítimas de uma crise de meia idade aos 20 anos. Seremos nós que em tempos acreditamos demais, ou somos todos assim?


Estou a espera da conversa que vai mudar a minha vida académica. Estou à espera da conversa que me vai dar o voto de confiança que eu preciso. Estou à espera que me digam que vou conseguir fazer o mestrado naquilo que EU quero. Estou à espera que me ajudem a conquistar o que deve ser o meu sonho. Estou à espera e não consigo sentir nada... Não consigo sentir o entusiasmo, a motivação, os planos, a vontade de mudar tudo mais uma vez. Não consigo achar que vou conseguir fazer tudo outra vez e chegar ao fim a pensar que valeu a pena. Não consigo querer nada. E como este é o meu blog eu tenho o direito de dizer: não consigo querer fazer, ou pensar, ou sequer ambicionar nada.


Confundes-me. Confude-me viver tudo tão rápido, tudo passar tão rápidamente. Confude-me não saber o que vou fazer depois disto. Confunde-me tudo. Não quero mais. Não quero mais nada. Quero sentar-me e pensar só em mim. Quero sentar-me e sentir. Quero ter coragem para enfrentar o mundo. Quero tanta coisa....

Friday, August 21, 2009

Laziest girl in town

"Nothing ever worries me,
Nothing ever hurries me.
I take pleasure leisurely
Even when I kiss.
But when I kiss they want some more,
And wanting more becomes a bore,
It isn't worth the fighting for,
So I tell them this:

It's not 'cause I wouldn't,
It's not 'cause I shouldn't,
And, Lord knows, it's not 'cause I couldn't,
It's simply becasue I'm the laziest gal in town."

Porque agora tudo me lembra de ti...
Tenho saudades...

Thursday, August 20, 2009

Morreu M.S. Lourenço

Morreu o Poeta e Filósofo M.S. Lourenço no passado dia 2 de Agosto. Para os que, como eu, não sabiam quem era M.S. Lourenço até terem lido (agora?) que ele morreu, a notícia foi publicada no jornal Público, na SIC, na TSF, e, vejam lá que até num tal site chamado g-sat! Isto para não falar dos inúmeros blogs que lhe prestam homenagem...
A mim chamou-me a atenção não tanto pelos livros de poesia que o poeta-filósofo publicou, mas sim pelo livro de filosofia (que não foi mais que a publicação da sua tese de doutoramento), que ando à procura desde o passado dia 2 de Agosto. Depois de ter corrido todos os sítios comuns, como a wook, a fnac, a bertrand, a almedina, entre muitas outras, rendi-me e decidi passar pela editora (a Imprensa Nacional-Casa da Moeda) onde me informaram que o livro está esgotado à pelo menos dois anos, sendo improvável que venha alguma vez mais a ser publicado.

Estou triste, mas acima de tudo desiludida de viver num país em que M.S. Lourenço tem direito a ver a sua morte publicitada em vários orgãos de comunicação social, mas onde seria pedir demais que os seus livros fossem publicados. Mas não me posso queixar porque não fica bem (ouvi dizer que era arrogante e pouco próprio da minha parte)...

Monday, July 27, 2009

makoka pinta paredes de verde

“ – Já alguma vez pintaste uma parede?”

“- Já, claro!”

Então é pergunta que se faça a alguém que vai começar a pintar uma parede? Não gosto que duvidem da minha capacidade (se bem que reduzida) de pintar paredes. A experiência não pode contar assim para tanto, e o que custa é começar!

Mas está verde a minha parede. Muito verde aliás, tão verde que eu, que já quero uma parede verde há dois anos me assustei quando vi a parede verde. Está bem para mim que gosto de paredes verdes. E para todos os que duvidaram que eu alguma vez fosse capaz de viver com uma parede verde: ela está lá e é verde.

Gosto da minha parede verde. Fica bem assim, verde.

Friday, July 24, 2009

Aos Vinte e Dois Anos

Começa assim a minha conversa com o puto reguila:

“ – Que idade tens?”
“ – 22”

Vinte e dois anos. Vinte e dois anos que para mim não são nada mas que para o puto reguila são uma eternidade. Vinte e dois anos que me valem um olhar de desprezo de um ser de palmo e meio que me acha velha. Vinte e dois anos que de repente já fazem uma barreira entre o “nós” e “eles”. Vinte e dois anos e “eles” já olham para mim como se eu tivesse idade não de estar a dar mergulhos no mar, mas de estar debaixo do guarda-sol a empanturrar o meu (inexistente) puto reguila de bolas de Berlim e batatas fritas.

Mas não penso mais nisso nem no puto reguila. Estou contente com o meu ar de criança, o meu medo da responsabilidade, a minha pretensa rebeldia, os meus sonhos megalómanos, os descontos para jovens, a minha falta de capacidade de gestão financeira, e os meus vinte e dois anos.

Até hoje.

“- Sim, porque já tens vinte e dois anos, já tens idade para decidir tudo, e fazer tudo, e (…) sim, porque tens vinte e dois anos”

Vinte e dois anos. Vinte e dois anos que levam um adulto a dizer-me que já sou crescida. Vinte e dois anos que me obrigam a ter direito a ter tantas responsabilidades e coisas complicadas. Vinte e dois anos e estão à espera que eu faça coisas. Vinte e dois anos e de repente um crescido acha que já sou crescida. Vinte e dois anos e de repente já quase que sou gente.

E eu, que mal ultrapassei a conversa do puto reguila, eu que ainda não sei fazer contas nem gerir as minhas finanças, eu que ainda beneficio do estatuto de estudante nos cinemas e comboios da CP, constato que ainda não sei ser grande. É que eu sei ter atitude e ser rebelde, sei fazer o que me apetece sem dar justificações, sei conseguir o que quero mesmo que os outros não queriam o mesmo, sei ser eu...mas ouvi dizer que ser crescida é outra coisa.

E agora? O que faço agora que ouvi dizer que tenho Vinte e Dois Anos?

"With many years ahead to fall in line
Why would you wish that on me?
I never want to act my age
What's my age again?
What's my age again?"

Armstrong e a Eurosport Portuguesa

Desta vez foram os locutores da Eurosport os destinatários da minha mensagem rebelde! Mas, e para que não haja confusões, mereceram... Aquilo não é maneira de relatar a Volta a França em bicicleta.

"Livestrong é só uma fachada para esconder esquemas pouco claros, o Armstrong para além de velho é insuportável e vive para atazanar o Contador, o Contador esforça-se por ganhar a corrida e é o maior. Entretanto, e se quisermos saber mais, bom bom é irmos ler o diário do Português que dorme com o camisola amarela.

Será que é para isto que vos pagam? Como telespectadora atenta da Eurosport aflige-me, e enerva-me a vossa raiva (ódio mesmo?) ao Armstrong, que é de tal forma evidente que nada mais sabemos da corrida do que as vossas mirabolantes teorias da conspiração. Queremos saber quem vai à frente, quem caiu, em geral o que se está a passar!

Ainda têm tempo, comecem a relatar a volta! Redimam-se e deixem o Armstrong em paz!

Força Culumbía!"

"- Há um ouvinte que julga que nós temos ódio ao Armstrong.
Oh Senhora makoka, foi o Armstrong que nos trouxe para o ciclismo"
...ora, não parece!