A espera acabou.
Na passada sexta-feira entrei “finalmente” no avião da ryanair que me ia trazer novamente a Inglaterra. Foi, no mínimo, estranho. Se quisesse ser verdadeiramente honesta diria que estava em pânico: a espera tinha finalmente acabado, no momento em que eu entrasse naquele avião o meu mestrado ia começar.
Quando finalmente cheguei à Canterbúria, invadiu-me um misto de pânico e curiosidade. Afinal de contas eu estava prestes a começar o mestrado que EU queria. Isso mesmo, estava finalmente prestes a começar o mestrado que EU tinha escolhido sem ninguém me dizer que não era esse que devia ser feito.
Mal chego abre-me a porta do meu novo “corredor” uma rapariga com duas torres Eiffel penduradas nas orelhas. A imagem daqueles brincos peculiares ainda não me saiu da cabeça. É como se aqueles brincos captassem na perfeição a rapariga que o traz postos. Gosto dela, é simpática (ou pelo menos parece, se bem que mal conseguimos trocar duas palavras visto que o inglês dela é absolutamente macarrónico). Nunca tinha saído da china, e portanto a primeira vez na Europa, e ainda está fascinada com o mundo. Fico então a saber que no meu “corredor” somos todos estrangeiros: cinco chineses, uma rapariga do Quénia, uma Grega, e Eu.
Não conheço ninguém. Sinto-me sozinha. Nem a rapariga da torre Eiffel apareceu na cozinha durante o fim de semana para que eu pudesse falar com alguém. Apesar de estar de volta ao mesmo sítio, é tudo diferente. Estou sozinha pela primeira vez – completamente sozinha, sem ninguém para ir almoçar, ou ir ás compras ao Tesco, ou até mesmo ver um filme quando já não há mesmo mais nada para fazer. “Hás-de fazer amigos quando as aulas começarem” – é o que me diz toda a gente.
Depois deste fim de semana, estava eu prestes a desistir de tudo, atirar-me para a cama, e lamentar todas as decisões que me tinham levado a este ponto quando aparece a rapariga do Quénia. É simpática, dá para conversar um bocado enquanto faço o jantar, e é uma distracção que faz com que eu não tenha tempo para ter pena de mim. É positivo. Vou dormir.
Acordo para ir falar com o meu professor. É o tal com síndrome de Génio que eu julguei que nunca mais ia conseguir encontrar. Enganei-me. São 10 da manhã e ele já lá está. Eis que se dá o milagre: Eu falo com ele e percebo finalmente o que estou aqui a fazer. Percebo finalmente porque escolhi voltar e fazer um mestrado em filosofia do direito. Percebo o que estou aqui a fazer e porque quis para cá vir. Percebo o quanto gosto disto e o quão feliz estou por puder finalmente perceber se é mesmo isto que eu quero fazer. Percebo que sim, estou aqui para ficar.
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