Friday, February 22, 2008

Não

Está tudo ao contrário. Secalhar não ao contrário do que estava, mas definitivamente ao contrário daquilo que eu queria que as coisas estivessem.

Somos egoístas, somos todos demasiado egoístas! E ficamos tristes porque queremos isto ou aquilo, e queremos que as pessoas mudem para serem exactamente como nos convem, e queremos isto e aquilo só mesmo porque nos apetece! E depois fazemos, e somos e acontecemos, e por mais que no fundo digamos que é a pensar nos outros temo-nos sempre a nós em consideração. No fim de tudo, de todas as batalhas, e de todas as conquistas, no fim de todas as noites perdidas em desabafos infindáveis, mudamos de ideias.

E o mundo não para porque nós mudamos de ideias? Já mudo demasiado, já está tudo virado ao contrário, e já não há nada a fazer. E depois queixamo-nos inutilmente que está tudo virado ao contrário, e no nosso egocentrismo não percebemos porquê.

Thursday, January 24, 2008

"Live and Let Die"

Estás perdida.

Ficaste sentada num degrau, esquecido algures no meio da subida. Desististe temporáriamente na pior altura. Estas praí sentada à espera que alguém te diga que está tudo bem e que podes continuar a enterrar a cabeça na areira. Não queres mais, já estás farta, por ti está tudo acabado e já podes voltar aos 5 anos. Já chega!

Não te apetece sair, não que te apeteça especialmente ficar em casa. Não te apetece deixar o mundo que não é tão confortável como seguro, as quatro paredes dentro das quais sabes que nada acontece. Apetece-te ficar na inércia de alguém que já viu tudo e não quer saber mais.

No entanto, vais olhando à tua volta, como quem murmura um “deixas-me?!”, porque sabes que no fundo isso está tudo errado. No fundo sabes que quando voltares ao mundo real, que continua lá fora, vai-te custar muito mais. No fundo tu sabes que continua tudo sem ti, e que quando tiveres que enfrentar a realidade e apanhar o mundo não vai ser fácil. Às vezes pensas como seria mais fácil se desistisses, se pudesses simplesmente dizer que não querias mais, se desse para deixar tudo para trás sem remorsos nem consequências e começar tudo de novo! Era tudo tão mais fácil...

Querias voltar ao mundo real, e voltar a não te importar com coisas pequeninas, e voltar a não achar que o mundo vai acabar, e voltar a não estar triste nem desconfortável ne, insegura. Querias voltar atrás e estudar tudo ao pormenor e guardar todos os detalhes para que tudo tivesse sido mais previsível, e para que agora fosse mais fácil. Querias a vontade de volta (!): a vontade de te levantares, e estudares, e trabalhares, e fazeres coisas e estares com pessoas, e receberes de volta o mundo. Querias tanta coisa...

Por enquanto, deixa-te por quereres o teu blog de volta, é um bom começo. E começa por pedir desculpa pela grande ausência, pela actual falta de prática e inspiração. Pode ser que voltes a ti em breve...

Quanto a mim, eu preciso que voltes a vida, que voltes a interessar-te por alguma coisa, que voltes a ser tu! Preciso que esqueças as complicações, ou que deixes de complicar, preciso que deixes para trás todos os problemas e voltes a ser tu! Preciso que aprendas finalmente a lidar com os namoros falhados, e os divórcios, e a morte e coisas que tal, e que voltes a ser tu! Preciso que deixes tudo para trás e recomeçes finalmente...

Sunday, July 15, 2007

"Coisas"

Estás cansada, queres ir embora. Vai, desiste, não vale a pena.

Olhas para o lado e percebes quão inútil é aquilo que julgas estar a fazer, olhas para o lado e percebes que aquilo não diz nada a ninguém. Ninguém se importa, ninguém quer saber, ninguém da importância a nada. Que fazes tu então?

Remas contra a maré. Desiste. Não vais chegar lá.

E ninguém percebe o que estás a fazer, e ninguém concorda, e ninguém quer saber. Não tem nexo, dizem uns, é demais, dizem outros, é sempre qualquer coisa de irracional e incompreensível. E tu que queres? Pelos vistos não importa...
Já nada significa nada, e o que significava deixou de significar. Reduziram tudo aquilo em que quiseste acreditar a uma insignificância incontestável, destruiram tudo sem preocupação ou noção de responsabilidade.

Desiste. Porque te cansas? Já não vale a pena. Queres? Não queres? Mas porque ficas?

Não desistes, não vais desistir. No fundo, ainda há esperança que alguém abra os olhos, ainda há esperança na coragem, ainda há alguma coisa menos insignificante. Sabes que vão estragar tudo outra vez, sabes que vão continuar a tentar tirar-te a vontade, sabes que vai haver sempre aquela Criança Grande a confundir tudo, sabes que não vai ser fácil, mas que piada teria a vida se fossem tudo almoços grátis?

Estás cansada, querias ir embora. Estás exausta e revoltada e zangada com o mundo. Querias vingar-te de todas as Crianças Grandes, de todos os condutores de “Mini’s” por esse teu mundo fora, de todos aqueles que não percebem nada nem querem perceber, enfim, hoje era, para ti, bom dia para por fim às Crianças Grandes!

Mas amanha é outro dia, e amanha já tudo vai fazer sentido outra vez (mesmo que arruínado poucas horas depois), e já tudo vai valer a pena outra vez, e já tudo vai ser isto ou aquilo ou isto e aquilo que era suposto ser. Amanha, com sorte, até almoças de graça!

Como tu me fazes falta!

“Se uma voz nos diz que é viver em vao
Pra que raio fiz eu esta cancao
E se o fim é certo
Eu quero estar ca amanha”

Thursday, June 28, 2007

Alma Penada

Olho para ela e sinto pena. Pena da vida miserável que ela pensa que leva, pena de todo aquele teatro cínico e angustiante, pena do esforço que é para ela acordar todas as manhas. Sinto pena dela, mesmo sabendo que ter pena de alguém é talvez o sentimento mais miserável que se pode ter pelo próximo. No entanto, não consigo ir para além da pena, da tamanha pena que sinto por ela.

E todos os dias se levanta a queixar-se, e todos os dias tudo corre mal, e todos os dias vão ser piores que o anterior, que já de si foi tão mau, e todos os dias são trágicos e arrebatadores, e todos os dias pede a deus que o dia corra bem, e todos os dias deus a desilude com o dia a ser igual ao anterior. Todos os dias o ar carrancudo é o mesmo, todos os dias a vontade de (não) viver é a mesma, todos os dias a indiferença por aqueles que a rodeiam é a mesma, todos os dias são dias não. E todos os dias ela fala com as mesmas pessoas, a quem faz as mesmas perguntas e dá as mesmas ordens. Todos os dias.

E eu todos os dias olho para ela, e todos os dias falo com ela, e todos os dias lhe respondo ás mesmas perguntas que ela me faz todos os dias, e todos os dias me vou deitar com o mesmo sentimento de indiferença com que acordei. Todos os dias.

E todos os dias eu queria sentir mais, queria gostar mais, queria ter mais saudades, queria viver mais, queria tudo aumentado exponencialmente no que toca ao meu relacionamento com a minha alma penada. Todos os dias gostava que ela fosse diferente, e me contasse coisas divertidas sobre todos aqueles mundos em que eu nunca vivi, e que me fizesse estupidamente as vontades, e que gostasse de estar comigo e de me ver, e que se risse de vez em quando se não fosse pedir demais, e que a vida não lhe custasse tanto, e que fosse essas coisas todas que é suposto os avós serem. Todos os dias, eu só queria que aquela avó fosse uma avó de verdade.

Tuesday, April 24, 2007

Onde Estás?

Perdemo-nos.

Algures a caminho dos sonhos, pelo meio das ambições e das expectativas não nos conseguimos voltar a encontrar.

Hoje, há ali um vazio que dificilmente vai voltar a ser preenchido. Hoje já não há conversa, nem confiança, nem intimidade, nem tão pouco vontade. Hoje só nos prende a saudade do ontem. Hoje acaba tudo.

Costumávamos ser as melhores amigas. Costumávamos viver para as mesmas coisas. Costumávamos ter amigos em comuns, e vivências em comum, e vidas em comum. Costumávamos ter sempre assunto, e sempre coisas para fazer, e sempre vontade de estar juntas. Hoje já nada passa de um passado distante, de coisas que queríamos mas deixamos de querer, de amizades diferentes que fomos fazendo e perspectivas que fomos formando. Hoje não passa de um vazio, de conversas sobre o tempo e sorrisos forçados durante um serão falso acompanhado por café.

Tu não percebes como deixei tudo para trás e me fui embora. Não percebes porque não me alicia a perspectiva de uma vida inteira vivida em Portugal, não percebes porque quero mais, não entendes como gosto de estar fora de casa, nunca vais conceber a perspectiva de aos vinte anos se ser independente! Não te cabe na cabeça o distinguir a minha casa da casa da “minha mãe” ou do “meu pai”, nem perceber porque é que não é tudo na vida ter comida feita e roupa lavada.

Eu não percebo como só gostas dos lugares comuns. Não percebo como é que achas que aos vinte anos já conquistaste tudo, e não queres muito mais. Para mim, aos vinte anos está-se longe de ter encontrado a felicidade plena! Não consigo entender qual é o fascínio pelos lugares comuns, pelas pessoas conhecidas, por entrar num sítio “chique” e fazer parte da mobília. Não percebo a necessidade dessa vida social falsa, com pessoas falsas a viver numa falsa realidade. Não percebo o problema de se ser genuíno, e viver espalhafatosamente, se for preciso. Não percebo a falta de desejo, de ambição, a falta de vontade de mudar o mundo e viver outras realidades. Eu, mas devo ser só eu, não percebo a inércia.

Hoje, és uma desilusão. És vazia, e insignificante, e mesquinha até. Vives num mundo em que pelos vistos as melhores amigas oficias são as pessoas que consideras que te vão roubar o namorado (e deverei considerar-me lisonjeada por me achares uma concorrente à altura.?!). Já não sabes o que são amigos, confiança, solidariedade e coisas que tal. Hoje já não há conversas, nem intimidadas, nem pontos em comum.

E de pensar que um dia, há não muito tempo, fomos as melhores amigas.

Tenho saudades tuas. Tenho genuinamente saudades do “tu” que eu conhecia. Eras especial. Eras a minha amiga especial.

Hoje, morreste.

Hoje, és só tu.

Monday, April 02, 2007

voltaste

Voltaste.

Voltaste a Portugal, voltaste ao Porto, voltaste a Lisboa, voltaste aos sitios que em princípio te dizem alguma coisa.

Voltaste a ver os avós, e os tios, e os pais, e os amigos, e o irmão, e o namorado, e as amigas, e o esquilo, e tudo mais.

Voltaste.

Voltaste e mais uma vez tudo mudou. Confunde-te, certo? Irrita-te que não possa ficar tudo na mesma! Indigna-te tudo aquilo que mudou, espanta-te tudo aquilo que deixaste por fazer, desespera-te que o tempo nunca seja capaz de parar, nem por um bocadinho, só para te deixar respirar. É estranho, lá nisso tenho de concordar contigo! São até por vezes complexas as mudanças a que nem tens tempo de te habituar, mudaram algumas coisas que tomavas por certas, escapam um bocadinho mais os velhinhos que tu só querias que ficassem cá eternamente, mudam os amigos que se pensam eternos... É efectivamente demais!

Voltaste e esquecestete por um momento de que também tu já não és a mesma desde a última vez que partiste, ignoras o facto de também tu teres começado a ambicionar coisas um bocadinho diferentes, menosprezas o facto de a vida ter que continuar o seu rumo natural, e nem queres pensar nos anos que foram passando entretanto...
Sim, porque bem visto é uma injustiça! Lá isso tem de ser dito!

Porque os velhinhos podiam ficar sempre bem, e estarem sempre lá para nos fazerem as vontades, porque quem disse que chega a uma altura em que já não precisamos de um avós que nos façam as vontades estava muito enganado! Porque os amigos podiam crescer sempre comnosco e acabar por seguir um rumo parecido com o nosso, e não nos deixarem em situações complicadas como despedidas e coisas que tal! Porque podia continuar tudo igual em “casa”, e a “casa” podia continuar a ser nossa! Porque podias viver uma vida de malas feitas mas teres o prazer de manipular o tempo para que este esperasse por ti, só um bocadinho! Enfim...

Voltaste.

Voltaste tu aos sítios que julgavas conhecer! Mas voltaste só tu, porque os sítios, esses, parecem estar felizes assim, sem ti!

Monday, March 26, 2007

A ti, a quem nunca dediquei nada!

Somos hipócritas em tudo o que fazemos. Somos cínicos até ao fim. É demasiado complicado sermos de outra maneira. E mesmo aqueles que acham que sim, que faziam, e que eram, e que aconteciam, acabam sempre por cair por terra e não fazer nada.

Supostamente não compensa termos inimigos, não compensa dizer-mos as pessoas aquilo que pensamos delas, não compensa agirmos consoante os nossos ideais e as nossas perspectivas. Simplesmente, não compensa.

E quando compensa é porque não é bem assim. Quando compensa é porque não estamos a ver bem a situação, e se estivessemos na outra posição iriamos ver como não compensa. Só compensa quando não se passa comnosco.

E vamos vivendo (bem?!) neste mundo de hipócritas e cínicos, em que todos fazemos de conta que gostamos daquilo que não gostamos, e que somos aquilo que estamos longe de ser, e que ambicionamos tudo aquilo que nem sequer nos alicia. Há quem lhe chame sobrevivência.

Mas tu não! Tu vives acima disso, e és tu que fazes com que todos os outros queiram ser assim. Tu és mais do que isso, e não te submetes a essas coisas mundanas. Tu tens inimigos e vives com eles, porque sabes que tens amigos que estarão sempre lá para para impedir as facadas. Tu já não te importas, já não queres saber! Tu és tu acima de qualquer outra coisa! E eu, eu limito-me a orgulhar-me de ti...

"did I ever told you I love you?"