Saturday, October 09, 2010

Untitled

Há alguma coisa sobre passar os pensamentos para o papel que me assusta. Há alguma coisa sobre deixar que os outros vejam aquilo que eu penso (e muitas vezes digo) escarrapachado numa folha de papel que ainda não consegui ultrapassar. Talvez seja o facto de não haver negação possível, de estar ali tudo o que eu disse e não haver volta nenhuma a dar.

Consigo falar, e explicar, e argumentar, e dizer que está tudo mal. Costumo ser opinada e gostar de dar a minha opinião. Mas quando tenho uma folha em branco e me cabe a mim explicar porque é que sou eu que estou certa e não este ou aquele sou um autêntico desastre. De repente é como se só conseguisse andar em círculos, sem ser capaz nunca, em circunstância alguma de escrever: “não, isso está errado”. Quando sou eu a escrever e não a falar, nunca nada está errado, quando muito (e já é pedir muito) está mal explicado.

No entanto, todas as pessoas que gosto de ler têm coragem de passar ao papel aquilo que pensam. Todas elas têm coragem de deixar aquela marca, bem marcada. Mas eu não escrevo com tanta arte. E por mais que tenha livros e artigos de jornal espalhados pelo meu quarto, não consigo seguir-lhes as pesadas.

Mas está na altura de enfrentar os medos. De começar a praticar escrever o que penso e não o que acho que seria menos mal deixar escrito. E numa altura em que a maior preocupação da minha vida deveria ser o que é que vou vestir hoje à noite, preocupa-me muito mais achar que não consigo ser honesta em nada daquilo que escrevo.

E nada disto seria um problema se eu não tivesse que escrever um capítulo da minha tese até segunda feira.

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