Perdemo-nos. Algures a caminho dos sonhos, pelo meio das ambições e das expectativas não nos conseguimos voltar a encontrar. Hoje, há ali um vazio que dificilmente vai voltar a ser preenchido. Hoje já não há conversa, nem confiança, nem intimidade, nem tão pouco vontade. Hoje só nos prende a saudade do ontem. Hoje acaba tudo. Costumávamos ser as melhores amigas. Costumávamos viver para as mesmas coisas. Costumávamos ter amigos em comuns, e vivências em comum, e vidas em comum. Costumávamos ter sempre assunto, e sempre coisas para fazer, e sempre vontade de estar juntas. Hoje já nada passa de um passado distante, de coisas que queríamos mas deixamos de querer, de amizades diferentes que fomos fazendo e perspectivas que fomos formando. Hoje não passa de um vazio, de conversas sobre o tempo e sorrisos forçados durante um serão falso acompanhado por café. Tu não percebes como deixei tudo para trás e me fui embora. Não percebes porque não me alicia a perspectiva de uma vida inteira vivida em Portugal, não percebes porque quero mais, não entendes como gosto de estar fora de casa, nunca vais conceber a perspectiva de aos vinte anos se ser independente! Não te cabe na cabeça o distinguir a minha casa da casa da “minha mãe” ou do “meu pai”, nem perceber porque é que não é tudo na vida ter comida feita e roupa lavada. Eu não percebo como só gostas dos lugares comuns. Não percebo como é que achas que aos vinte anos já conquistaste tudo, e não queres muito mais. Para mim, aos vinte anos está-se longe de ter encontrado a felicidade plena! Não consigo entender qual é o fascínio pelos lugares comuns, pelas pessoas conhecidas, por entrar num sítio “chique” e fazer parte da mobília. Não percebo a necessidade dessa vida social falsa, com pessoas falsas a viver numa falsa realidade. Não percebo o problema de se ser genuíno, e viver espalhafatosamente, se for preciso. Não percebo a falta de desejo, de ambição, a falta de vontade de mudar o mundo e viver outras realidades. Eu, mas devo ser só eu, não percebo a inércia. Hoje, és uma desilusão. És vazia, e insignificante, e mesquinha até. Vives num mundo em que pelos vistos as melhores amigas oficias são as pessoas que consideras que te vão roubar o namorado (e deverei considerar-me lisonjeada por me achares uma concorrente à altura.?!). Já não sabes o que são amigos, confiança, solidariedade e coisas que tal. Hoje já não há conversas, nem intimidadas, nem pontos em comum. E de pensar que um dia, há não muito tempo, fomos as melhores amigas. Tenho saudades tuas. Tenho genuinamente saudades do “tu” que eu conhecia. Eras especial. Eras a minha amiga especial. Hoje, morreste. |
Tuesday, April 24, 2007
Onde Estás?
Monday, April 02, 2007
voltaste
Voltaste.
Voltaste a Portugal, voltaste ao Porto, voltaste a Lisboa, voltaste aos sitios que em princípio te dizem alguma coisa.
Voltaste a ver os avós, e os tios, e os pais, e os amigos, e o irmão, e o namorado, e as amigas, e o esquilo, e tudo mais.
Voltaste.
Voltaste e mais uma vez tudo mudou. Confunde-te, certo? Irrita-te que não possa ficar tudo na mesma! Indigna-te tudo aquilo que mudou, espanta-te tudo aquilo que deixaste por fazer, desespera-te que o tempo nunca seja capaz de parar, nem por um bocadinho, só para te deixar respirar. É estranho, lá nisso tenho de concordar contigo! São até por vezes complexas as mudanças a que nem tens tempo de te habituar, mudaram algumas coisas que tomavas por certas, escapam um bocadinho mais os velhinhos que tu só querias que ficassem cá eternamente, mudam os amigos que se pensam eternos... É efectivamente demais!
Voltaste e esquecestete por um momento de que também tu já não és a mesma desde a última vez que partiste, ignoras o facto de também tu teres começado a ambicionar coisas um bocadinho diferentes, menosprezas o facto de a vida ter que continuar o seu rumo natural, e nem queres pensar nos anos que foram passando entretanto...
Sim, porque bem visto é uma injustiça! Lá isso tem de ser dito!
Porque os velhinhos podiam ficar sempre bem, e estarem sempre lá para nos fazerem as vontades, porque quem disse que chega a uma altura em que já não precisamos de um avós que nos façam as vontades estava muito enganado! Porque os amigos podiam crescer sempre comnosco e acabar por seguir um rumo parecido com o nosso, e não nos deixarem em situações complicadas como despedidas e coisas que tal! Porque podia continuar tudo igual em “casa”, e a “casa” podia continuar a ser nossa! Porque podias viver uma vida de malas feitas mas teres o prazer de manipular o tempo para que este esperasse por ti, só um bocadinho! Enfim...
Voltaste.
Voltaste tu aos sítios que julgavas conhecer! Mas voltaste só tu, porque os sítios, esses, parecem estar felizes assim, sem ti!
Voltaste a Portugal, voltaste ao Porto, voltaste a Lisboa, voltaste aos sitios que em princípio te dizem alguma coisa.
Voltaste a ver os avós, e os tios, e os pais, e os amigos, e o irmão, e o namorado, e as amigas, e o esquilo, e tudo mais.
Voltaste.
Voltaste e mais uma vez tudo mudou. Confunde-te, certo? Irrita-te que não possa ficar tudo na mesma! Indigna-te tudo aquilo que mudou, espanta-te tudo aquilo que deixaste por fazer, desespera-te que o tempo nunca seja capaz de parar, nem por um bocadinho, só para te deixar respirar. É estranho, lá nisso tenho de concordar contigo! São até por vezes complexas as mudanças a que nem tens tempo de te habituar, mudaram algumas coisas que tomavas por certas, escapam um bocadinho mais os velhinhos que tu só querias que ficassem cá eternamente, mudam os amigos que se pensam eternos... É efectivamente demais!
Voltaste e esquecestete por um momento de que também tu já não és a mesma desde a última vez que partiste, ignoras o facto de também tu teres começado a ambicionar coisas um bocadinho diferentes, menosprezas o facto de a vida ter que continuar o seu rumo natural, e nem queres pensar nos anos que foram passando entretanto...
Sim, porque bem visto é uma injustiça! Lá isso tem de ser dito!
Porque os velhinhos podiam ficar sempre bem, e estarem sempre lá para nos fazerem as vontades, porque quem disse que chega a uma altura em que já não precisamos de um avós que nos façam as vontades estava muito enganado! Porque os amigos podiam crescer sempre comnosco e acabar por seguir um rumo parecido com o nosso, e não nos deixarem em situações complicadas como despedidas e coisas que tal! Porque podia continuar tudo igual em “casa”, e a “casa” podia continuar a ser nossa! Porque podias viver uma vida de malas feitas mas teres o prazer de manipular o tempo para que este esperasse por ti, só um bocadinho! Enfim...
Voltaste.
Voltaste tu aos sítios que julgavas conhecer! Mas voltaste só tu, porque os sítios, esses, parecem estar felizes assim, sem ti!
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